UOL


São Paulo, quarta-feira, 20 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TENSÃO PRÉ-COPOM

Banco Central decide hoje nova Selic; mercado acredita em corte de 1,5 ponto, o que reduziria taxa real

Juro real subiu desde a última reunião do BC

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

Desde que o Copom (Comitê de Política Monetária) cortou a taxa básica de juros (Selic) pela última vez, em julho, o juro real subiu de 16,31% ao ano para 16,77%, segundo estudo da UAM (Unibanco Asset Management).
A taxa de juro real (descontada a inflação futura) normalmente conduz a atividade econômica porque os agentes econômicos olham para a frente ao tomar decisões de investimento.
O juro real é calculado com base na Selic efetiva -aquela praticada diariamente no mercado- descontando-se a expectativa de inflação para 12 meses à frente.
Portanto, ainda que o governo tenha iniciado no mês passado um processo gradual de redução da Selic, a expectativa de inflação tem caído com mais rapidez que a taxa básica de juros.
Resultado: o custo real do dinheiro teria ficado ainda maior no período, apesar da ação do BC. "Houve um aumento milimétrico do juro real desde a última reunião do Copom", observa Jorge Simino, diretor da UAM.
Mas, se hoje forem confirmadas as expectativas do mercado, de mais um corte de 1,5 ponto percentual na Selic, o juro real cairá para 15,4% ao ano, segundo o estudo. "Ainda é uma taxa alta e o resultado será um crescimento modesto da economia no segundo semestre", diz Simino.
Na última sexta-feira a Selic efetiva estava em 24,3%, e a expectativa de inflação para os próximos 12 meses era de 6,47%, segundo o boletim Focus do Banco Central, que reflete a média das projeções do mercado financeiro.
"Os economistas também calculam o juro real descontando a inflação passada, mas os agentes econômicos olham para a frente, e não para trás, ao tomar decisões de investimento", diz Simino.
A pedido da Folha a UAM projetou três cenários para a decisão de hoje do Copom e calculou o juro real para cada um. No cenário de corte de 1,5 ponto percentual na Selic, o juro real ficaria em 15,4%, regredindo ao patamar em que estava em março, quando o Copom puxou a Selic para 26,5%.
Essa seria, também, uma taxa muito superior à registrada em 2002, quando o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 1,5% apenas. Por conta disso, os analistas não esperam um crescimento significativo da economia no segundo semestre.
Segundo Tomás Málaga, economista-chefe do banco Itaú, "a retomada do crescimento será mais forte no próximo ano".
Sua projeção é de um aumento de 3% a 3,5% do PIB em 2004. "Para isso, é preciso que o país atinja sua taxa de juro real de equilíbrio, que é de 10,5% ao ano, e a inflação se estabilize em 5,5%, na meta do BC."


Texto Anterior: Painel S.A.
Próximo Texto: Mercado vê lógica no gradualismo
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.