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TENSÃO PRÉ-COPOM
Banco Central decide hoje nova Selic; mercado acredita em corte de 1,5 ponto, o que reduziria taxa real
Juro real subiu desde a última reunião do BC
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Desde que o Copom (Comitê de
Política Monetária) cortou a taxa
básica de juros (Selic) pela última
vez, em julho, o juro real subiu de
16,31% ao ano para 16,77%, segundo estudo da UAM (Unibanco Asset Management).
A taxa de juro real (descontada
a inflação futura) normalmente
conduz a atividade econômica
porque os agentes econômicos
olham para a frente ao tomar decisões de investimento.
O juro real é calculado com base
na Selic efetiva -aquela praticada diariamente no mercado-
descontando-se a expectativa de
inflação para 12 meses à frente.
Portanto, ainda que o governo
tenha iniciado no mês passado
um processo gradual de redução
da Selic, a expectativa de inflação
tem caído com mais rapidez que a
taxa básica de juros.
Resultado: o custo real do dinheiro teria ficado ainda maior no
período, apesar da ação do BC.
"Houve um aumento milimétrico
do juro real desde a última reunião do Copom", observa Jorge
Simino, diretor da UAM.
Mas, se hoje forem confirmadas
as expectativas do mercado, de
mais um corte de 1,5 ponto percentual na Selic, o juro real cairá
para 15,4% ao ano, segundo o estudo. "Ainda é uma taxa alta e o
resultado será um crescimento
modesto da economia no segundo semestre", diz Simino.
Na última sexta-feira a Selic efetiva estava em 24,3%, e a expectativa de inflação para os próximos
12 meses era de 6,47%, segundo o
boletim Focus do Banco Central,
que reflete a média das projeções
do mercado financeiro.
"Os economistas também calculam o juro real descontando a
inflação passada, mas os agentes
econômicos olham para a frente,
e não para trás, ao tomar decisões
de investimento", diz Simino.
A pedido da Folha a UAM projetou três cenários para a decisão
de hoje do Copom e calculou o juro real para cada um. No cenário
de corte de 1,5 ponto percentual
na Selic, o juro real ficaria em
15,4%, regredindo ao patamar em
que estava em março, quando o
Copom puxou a Selic para 26,5%.
Essa seria, também, uma taxa
muito superior à registrada em
2002, quando o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 1,5% apenas.
Por conta disso, os analistas não
esperam um crescimento significativo da economia no segundo
semestre.
Segundo Tomás Málaga, economista-chefe do banco Itaú, "a retomada do crescimento será mais
forte no próximo ano".
Sua projeção é de um aumento
de 3% a 3,5% do PIB em 2004.
"Para isso, é preciso que o país
atinja sua taxa de juro real de
equilíbrio, que é de 10,5% ao ano,
e a inflação se estabilize em 5,5%,
na meta do BC."
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