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São Paulo, quarta-feira, 20 de agosto de 2003

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EMPRESAS

Levantamento com as 500 maiores companhias não-financeiras mostra que dívida cresceu no ano passado

Endividamento aumentou em 2002, diz FGV

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O endividamento das 500 maiores S.As. (Sociedades Anônimas) não-financeiras do Brasil atingiu, em 2002, 1,46 vez o valor do patrimônio líquido dessas empresas. Foi o maior nível já detectado pela revista "Conjuntura Econômica", da Fundação Getúlio Vargas, desde 1970, quando ela começou a fazer o ranking das 500 maiores S.As. não-financeiras do país.
"Para uma economia emergente, já estamos chegando a um nível perigoso", disse o economista Aloísio Campelo, coordenador da pesquisa. Ele disse que, em países desenvolvidos, é comum as grandes empresas terem até três vezes o patrimônio em dívidas.
O crescimento das dívidas, que em 2001 representavam 1,19 vez o patrimônio, teve como principal motivo a desvalorização cambial ocorrida no final do ano passado. Os maiores endividamentos, atingindo até 1,6 vez o valor do patrimônio, foram constatados entre as 200 maiores empresas do ranking, justamente aquelas com maiores possibilidades de se endividarem no exterior.

Defasagem
A pesquisa da FGV é um retrato da situação no final do ano passado. Em 2003, com a valorização do real, o aumento das captações de empresas no exterior e a maior venda de produtos para fora do país, as companhias conseguiram melhorar em parte sua situação.
Segundo a Folha divulgou no domingo, levantamento com mais de cem grandes empresas brasileiras indicou que, no primeiro semestre de 2003, o lucro aumentou e o endividamento se reduziu entre elas. Neste ano, o economista da FGV avalia que os resultados das empresas serão melhores do que os de 2002.
De qualquer maneira, Campelo disse que o endividamento das empresas brasileiras se acentuou nos anos 90, "de modo consciente em um primeiro momento", quando havia oferta farta de dinheiro barato. Em 1994, quando foi lançado o Plano Real, o endividamento das 500 maiores era de 0,56 vez o patrimônio.
Na sequência vierem "os choques de juros e de câmbio", levando ao aumento das dívidas contraídas. Em 1998, o nível do endividamento já alcançava 1,08 vez o patrimônio.

Prejuízos
Em números absolutos, as 500 maiores S.As. não-financeiras terminaram o ano passado com um prejuízo conjunto de R$ 12,5 bilhões, o pior resultado desde os anos 90. Só em 1999 havia sido registrado outro resultado conjunto negativo entre as maiores empresas do país (R$ 2,6 bilhões).
Como os números são apresentados em moeda da época e o Brasil viveu um período hiperinflacionário dos anos 80 até meados dos 90, a FGV não soube precisar se o prejuízo de 2002 foi recorde.
No ano passado, das 500 empresas, 214 tiveram prejuízo (o recorde foi 1999, com 219 empresas), somando R$ 52,5 bilhões. O maior prejuízo foi da Cesp, com R$ 3,418 bilhões.
A rentabilidade das empresas também foi baixa: 2,76% do patrimônio, contra 5,74% em 2001.
A Petrobras mantém-se na liderança do ranking da FGV desde 1994. O ranking é feito somando a colocação de cada uma das empresas no ranking por ativos (bens e haveres da empresa) e no ranking por faturamento líquido.
A Petrobras lidera nos dois. Seus ativos somaram em 2002 R$ 99,941 bilhões. A Vale do Rio Doce foi a segunda por ativos (R$ 26,834 bilhões), mas a sétima em faturamento (R$ 8,237 bilhões), ficando no quarto lugar geral.


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