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CAPITAL EXTERNO
Apesar de ganhos no Brasil e na América Latina, maiores companhias americanas elegem a Ásia como prioridade
Múltis lucram, mas não planejam investir
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
As maiores empresas norte-americanas com negócios no Brasil voltaram a ganhar dinheiro no
país, mas ainda não fazem nenhuma menção a novos investimentos, cruciais para garantir um
crescimento sustentável.
Segundo os balanços recém-divulgados nos EUA por essas companhias, países da Ásia como China e Índia -vistos hoje como novos "parceiros" pelo governo brasileiro- continuam na lista de
prioridades para investimentos,
em detrimento do Brasil.
Na comparação com o desempenho no Brasil, os resultados dos
negócios das americanas nos
mercados asiáticos têm sido substancialmente maiores.
As conclusões fazem parte da
leitura dos balanços de 15 grandes
empresas dos EUA enviados até
esta semana à SEC (Securities and
Exchange Commission, a Comissão de Valores Mobiliários dos
EUA). Os resultados referem-se
ao período de abril a junho.
"A decisão sobre novos investimentos americanos no Brasil, se
houver, será tomada apenas no final do ano", afirma o empresário
Sergio Haberfeld, presidente da
Câmara Americana de Comércio
e da Dixie Toga. Ele diz que vários
empresários americanos têm visitado o Brasil nas últimas semanas
para produzir relatórios.
"Embora o mercado brasileiro
se mostre promissor, somente
agora as empresas começam a
sentir segurança na área financeira do governo Lula", diz Haberfeld. "E temos concorrentes bravos na Ásia, que estão dando a alma por novos investimentos."
Entre as maiores companhias, a
General Motors diz em seu balanço que o aumento médio de 20%
nas vendas na América Latina no
segundo trimestre foi superior ao
resultado obtido no Brasil, de
17%. A GM destaca que o crescimento no Brasil deu-se "sobre os
níveis recessivos de 2003". A empresa teve receita líquida de US$
10 milhões na América Latina,
após ter perdido US$ 103 milhões
no mesmo período de 2003.
Enquanto a GM vendeu 999 mil
automóveis no período em toda a
região, a China sozinha absorveu
1,3 milhão. A Ásia como um todo,
4,1 milhões. No último mês de que
trata o balanço, a GM anunciou
planos de investir US$ 3 bilhões
na China nos próximos três anos.
A Kodak segue o mesmo padrão. As vendas para todos os países emergentes aumentaram 21%
no segundo trimestre, para US$
730 milhões. No caso da China, o
aumento foi de 82%. Da Rússia,
16%, e da Índia, 13%. No Brasil, a
alta foi de apenas 6%, na frente somente do México (3%).
A Kodak destaca a assinatura de
um acordo de 20 anos com a China Lucky Film Corp. e a compra
de 20% da Lucky Film Ltda.,
maior fabricante chinesa de filmes fotográficos. A Kodak também fala em novos investimentos
na área de distribuição na Rússia.
Outras empresas, como a Xerox, anunciam "cortes de custos".
Após queda nos ganhos no primeiro semestre, a companhia diz
que "medidas adicionais de aumento de produtividade são consideradas para a América Latina
na segunda metade do ano".
A Goodyear é outra a destacar o
forte desempenho da Ásia na
comparação com América Latina
e Brasil. As vendas no segmento
de pneus cresceram 37% na Ásia.
Na América Latina, apenas 5,3%.
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