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TRIBUTAÇÃO
Alta da contribuição de 3% para 7,6% elevou a carga fiscal para 52% das pessoas jurídicas, diz estudo da CNI
Metade das empresas paga mais Cofins
DA FOLHA ONLINE
A mudança na alíquota da Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social)
elevou a carga tributária para 52%
das empresas brasileiras, segundo
levantamento da CNI (Confederação Nacional da Indústria). No
caso das grandes empresas, esse
percentual chega a 69%.
A alíquota foi elevada de 3% para 7,6% em fevereiro passado,
quando a cobrança deixou de ser
cumulativa, ou seja, sobre todas
as etapas da cadeia produtiva.
A expectativa era que uma medida compensasse a outra, sem
aumento da carga tributária. A
partir de maio, a contribuição
passou também a ser cobrada,
juntamente com o PIS (Programa
de Integração Social) sobre todos
os produtos importados.
A pesquisa da CNI mostrou que
apenas 19% das empresas tiveram
redução da carga fiscal com a nova Cofins, enquanto 29% continuam recolhendo o mesmo valor.
Além disso, 77% das empresas
disseram que as mudanças não
cumpriram o seu principal objetivo, que era trazer uma melhor
distribuição da carga tributária.
A pesquisa foi realizada com
1.297 empresas -1.097 pequenas
e 200 grandes, que informaram à
CNI se houve aumento no valor
pago em relação à Cofins.
A Cofins é uma contribuição
que incide sobre o faturamento
mensal das empresas e sua receita
é destinada às áreas de saúde, assistência e previdência social.
Segundo a CNI, o fim da cumulatividade da Cofins era uma antiga reivindicação da indústria,
mas, da forma como foi implementada, frustrou o empresariado (a alíquota deveria ter aumentado para cerca de 6% a 6,5%).
Os setores mais prejudicados
pela mudança foram a indústria
mecânica (68% registraram aumento da carga), de bebidas
(68%) e de material de transporte
(62%). Os setores que tiveram
menos empresas pagando mais
Cofins foram mobiliário (25%),
couros e peles (30%), madeira
(32%) e borracha (38%). O número de empresários que está pagando menos impostos ficou abaixo
de 50% em todos os setores.
"Pior lado"
Além de criticar a elevação da
Cofins, os empresários afirmaram que taxar as importações foi
"o pior lado" da mudança. Segundo a pesquisa, 50% é contra o tributo sobre importados e apenas
16% se manifestaram favoravelmente.
O objetivo da medida era dar
"isonomia tributária" em relação
aos produtos produzidos no Brasil. Mas os resultados, segundo os
empresários, foram o aumento
dos custos das matérias-primas
importadas, da burocracia com as
importações e dos custos. Menos
de 10% disseram que o objetivo
do governo foi alcançado.
O aumento nos custos das matérias-primas, que também deixa
os produtos brasileiros mais caros, foi apontado como o principal problema dessa medida para
64% das pequenas e médias empresas e para 42% das grandes.
Os benefícios com as mudanças
só foram apontados em duas situações. Entre as pequenas e médias empresas, pouco mais da
metade disse ter havido melhor
distribuição da carga. Dentre as
grandes empresas, 57% afirmaram ter havido desoneração nas
exportações por conta do fim da
cumulatividade -78% dessas
empresas são exportadoras.
Arrecadação recorde
Embora a Receita Federal conteste a tese de que houve aumento
da carga tributária, a Cofins tem
sido um dos destaques em termos
de arrecadação neste ano.
Foram R$ 40,5 bilhões recolhidos até julho das empresas não-financeiras (dados corrigidos pela
inflação), um aumento de 22,47%
em relação aos sete primeiros meses de 2003.
O resultado elevou a participação do tributo sobre o total arrecadado em mais de dois pontos
percentuais -de 19,53% em 2003
para 21,87% neste ano.
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