São Paulo, sábado, 20 de agosto de 2005

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MERCADO ABERTO

Denúncia gera ansiedade no mercado

A denúncia de ontem envolvendo o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, provocou ansiedade entre os investidores externos, segundo o economista Paulo Leme, do Goldman Sachs. A sua percepção é que a imagem de um dos principais alicerces do governo, a figura de Antonio Palocci, foi atingida, independentemente do fato de a denúncia ser verídica ou não. "Na medida em que se traz o ministro da Fazenda como um dos atores da crise, o mercado fica ansioso", afirma. "Foi um solavanco importante."
Leme atribui a três fatores o fato de os mercados ainda não terem sido contagiados pela crise política. São eles: a alta liquidez internacional; o comportamento positivo da balança de pagamentos e a credibilidade do ministro da Fazenda. "São esses pontos que têm isolado o mercado dessa alta volatilidade política, mais até do que o justificável", afirma.
Segundo o economista, a preocupação do investidor começa a ser crescente em relação ao Brasil, diante de tantas denúncias, principalmente depois do envolvimento de Palocci. "Foi um abalo importante", diz Leme. O pior, segundo ele, é que essa denúncia vem logo depois do depoimento bombástico do publicitário Duda Mendonça e da entrevista à revista "Época" do deputado Valdemar Costa Neto.
Leme recomenda que, além de medidas no âmbito da política, o governo também se preocupe com a condução da dívida interna. Ao tentar alongar os prazos de vencimentos dos títulos da dívida para 18 e 26 meses, num momento como o atual, o governo tem promovido uma alta dos juros futuros com o objetivo de tornar esses papéis atraentes. Isso, a seu ver, só contribui para aumentar a ansiedade.

FRASE

"Na medida em que se traz o ministro da Fazenda como um dos atores da crise, o mercado fica ansioso [...] Foi um solavanco importante"

NOVA CASA
Um espaço novo para eventos empresariais e sociais, como lançamentos de produtos, desfiles ou festas, com capacidade para até 2.500 pessoas. Com esse foco e 2.700 m2 de área construída, acaba de ser inaugurado o Morumbi Hall, no Brooklin. "São Paulo tem pouquíssimas opções para jantares de 1.200 pessoas sentadas. As casas de espetáculos e noturnas, muitas com essa capacidade, não podem ser locadas nos fins de semana porque têm programação de shows e "baladas'", diz Rosa Falcone, diretora da equipe de eventos, ao apontar o que considera ser um dos diferenciais do local. Em anos anteriores, ela trabalhou em outras casas, como o Gallery, o Leopolldo e a Via Funchal. Já o serviço de alimentos e bebidas ficará a cargo de Reinaldo Abramovay, ex-sócio da rede Amor aos Pedaços.

INADIMPLÊNCIA
O índice de inadimplência com cheques deve ficar em torno de 2,28% no segundo semestre de 2005, de acordo com estimativa da Telecheque. Ainda segundo a empresa de gestão de riscos e concessão de crédito com cheques, se confirmado, o valor representará queda de 20,27% em relação aos seis primeiros meses de 2005 (que ficou em 2,86%) e crescimento de 7,54% na comparação com o mesmo período do ano passado (2,12%).

OUTRA PARCERIA
As redes de varejo continuam a acertar parcerias com empresas de outros setores. A C&A acaba de fechar acordo com a TIM em que os clientes da operadora ganham o direito de recarregar seus celulares pré-pagos nos caixas das 105 lojas da rede no país. O pagamento poderá ser efetuado em cheque ou dinheiro. Se o cliente da operadora tiver o cartão C&A, poderá comprar o crédito do celular e pagar no vencimento do cartão da rede.

ESTAGNAÇÃO
Os processos de abertura comercial e de expansão da informalidade urbana contribuíram para que a produtividade do trabalhador latino-americano ficasse quase estagnada nos anos 90. A análise é da Cepal (comissão da ONU), em relatório sobre a região. O primeiro fenômeno ajudou a elevar a produtividade nos setores primário e secundário, enquanto a informalidade prejudicou o terciário (varejo), mais na segunda metade dos anos 90. A partir de 1997, porém, só o setor primário manteve a trajetória de alta, devido especialmente à modernização da agricultura empresarial, com base, por exemplo, no uso intensivo de capital e na expansão da mineração.


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