São Paulo, sábado, 20 de agosto de 2005

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"RISCO-MENSALÃO"

Moeda sobe 2,94%, Bolsa cai 0,95% e analistas vêem ameaça à esperada queda dos juros em setembro

Palocci leva dólar à maior alta em 15 meses

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Com a onda de acusações e denúncias atingindo agora o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, o mercado financeiro teve um de seus dias mais tensos do ano. O dólar registrou sua maior alta em um dia (2,94%) em quase 15 meses e foi a R$ 2,45. Os juros futuros subiram consistentemente. A Bovespa caiu 0,95%.
Nesse clima, surgiu uma nova dúvida: haverá condições para que a taxa básica de juros seja reduzida em setembro? Até a manhã de ontem, era praticamente unânime a expectativa de que a taxa Selic começaria a cair no próximo mês. Na reunião desta semana, o Copom manteve a taxa básica em 19,75% anuais.
Ontem foi o dia de maior volatilidade no mercado desde o início da atual crise política. O índice de volatilidade feito pela RiskControl marcou ontem 1,97%. A média do indicador gira em torno dos 0,75%.
Entre a cotação mínima (R$ 2,378) e a máxima (R$ 2,483), o dólar variou 4,42% nas operações de ontem.
"Ficou mais difícil traçar cenários, fazer projeções agora. Se o Palocci cair, é normal esperar que haja mais volatilidade no mercado", diz Alex Agostini, economista-chefe da Global Invest Asset.

Juros em alta
Diante de novas dúvidas quanto ao futuro do governo, instituições financeiras preferiram se precaver. Mesmo antes de algum analista ser taxativo quanto ao futuro da Selic, as taxas de juros subiram expressivamente no pregão da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros).
Com esse processo defensivo, os contratos de DI -que mostram as projeções futuras para os juros- deixaram de carregar a certeza de que haverá queda da Selic na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central).
No contrato DI que vence na virada do ano, a taxa saltou de 19,12% para 19,30% anuais. No papel que vence no fim de 2006, a taxa foi de 17,96% para 18,50%.
"Um dos fatores que vinham ajudando a segurar a inflação era exatamente o dólar baixo. Se o real seguir nos próximos dias se depreciando, como hoje [ontem], esse efeito benéfico pode acabar.Com isso, fica mais difícil saber qual será os próximos rumos da Selic", diz Mário Battistel, diretor da corretora Novação.
No turbulento dia de ontem, o risco-país brasileiro registrou elevação de 3,20%, indo a 419 pontos. Já há quem afirme que o temor de a crise brasileira se agravar ainda mais possa afetar outros emergentes, espantando investidores estrangeiros. Ontem o risco argentino subiu 1,64%, e o mexicano teve alta de 1,33%.


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