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"RISCO-MENSALÃO"
Moeda sobe 2,94%, Bolsa cai 0,95% e analistas vêem ameaça à esperada queda dos juros em setembro
Palocci leva dólar à maior alta em 15 meses
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Com a onda de acusações e denúncias atingindo agora o ministro da Fazenda, Antonio Palocci
Filho, o mercado financeiro teve
um de seus dias mais tensos do
ano. O dólar registrou sua maior
alta em um dia (2,94%) em quase
15 meses e foi a R$ 2,45. Os juros
futuros subiram consistentemente. A Bovespa caiu 0,95%.
Nesse clima, surgiu uma nova
dúvida: haverá condições para
que a taxa básica de juros seja reduzida em setembro? Até a manhã de ontem, era praticamente
unânime a expectativa de que a
taxa Selic começaria a cair no próximo mês. Na reunião desta semana, o Copom manteve a taxa
básica em 19,75% anuais.
Ontem foi o dia de maior volatilidade no mercado desde o início
da atual crise política. O índice de
volatilidade feito pela RiskControl marcou ontem 1,97%. A média do indicador gira em torno
dos 0,75%.
Entre a cotação mínima (R$
2,378) e a máxima (R$ 2,483), o
dólar variou 4,42% nas operações
de ontem.
"Ficou mais difícil traçar cenários, fazer projeções agora. Se o
Palocci cair, é normal esperar que
haja mais volatilidade no mercado", diz Alex Agostini, economista-chefe da Global Invest Asset.
Juros em alta
Diante de novas dúvidas quanto
ao futuro do governo, instituições
financeiras preferiram se precaver. Mesmo antes de algum analista ser taxativo quanto ao futuro
da Selic, as taxas de juros subiram
expressivamente no pregão da
BM&F (Bolsa de Mercadorias &
Futuros).
Com esse processo defensivo, os
contratos de DI -que mostram
as projeções futuras para os juros- deixaram de carregar a certeza de que haverá queda da Selic
na próxima reunião do Copom
(Comitê de Política Monetária do
Banco Central).
No contrato DI que vence na virada do ano, a taxa saltou de
19,12% para 19,30% anuais. No
papel que vence no fim de 2006, a
taxa foi de 17,96% para 18,50%.
"Um dos fatores que vinham
ajudando a segurar a inflação era
exatamente o dólar baixo. Se o
real seguir nos próximos dias se
depreciando, como hoje [ontem],
esse efeito benéfico pode acabar.Com isso, fica mais difícil saber qual será os próximos rumos
da Selic", diz Mário Battistel, diretor da corretora Novação.
No turbulento dia de ontem, o
risco-país brasileiro registrou elevação de 3,20%, indo a 419 pontos. Já há quem afirme que o temor de a crise brasileira se agravar ainda mais possa afetar outros
emergentes, espantando investidores estrangeiros. Ontem o risco
argentino subiu 1,64%, e o mexicano teve alta de 1,33%.
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