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COMBUSTÍVEIS
Analistas vêem na ação barreira ao uso do gás natural; até Petrobras diz que não reajustava para incentivar produto
Alta de preço pode desestimular consumo
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
O aumento nos preços do gás
natural animou o mercado financeiro, mas críticos avaliam que a
medida pode servir como um desestímulo o consumo do produto
no país.
A própria Petrobras destaca que
manteve os preços do gás natural
de produção nacional inalterados
desde janeiro de 2003 com o objetivo de estimular o consumo e desenvolver uma política comercial
que garanta competitividade ao
produto.
Segundo o diretor do Centro
Brasileiro de Infra-Estrutura,
Adriano Pires, o objetivo da estatal é conter o crescimento do consumo de gás natural no país. "A
razão principal do reajuste é tentar mitigar via preço o risco de falta de gás. O governo está preocupado com a hipótese de um novo
apagão em 2009", afirmou. Desde
1994, o consumo de gás no país
cresceu 700%, segundo dados da
Abegás (Associação Brasileira das
Empresas Distribuidoras de Gás
Canalizado).
Para o diretor, o cenário é similar ao de outras fontes de energia
estimuladas pelo governo que
mostraram não ter capacidade de
atender a demanda. "O governo
começou a incentivar o uso dessa
fonte, com o estímulo para os carros a gás e para que os empresários usassem gás industrial. Isso é
uma repetição do que já vimos
com o álcool", disse.
O secretário de Energia, Indústria Naval e Petróleo do Estado do
Rio de Janeiro, Wagner Victer,
classificou o reajuste como um
equívoco. Segundo o secretário,
as variações cambiais compensaram o aumento da taxação na Bolívia. Ele afirma também que a estatal não tinha necessidade de
reajustar o gás produzido no país
porque sua produção é associada
ao petróleo. A área de Gás &
Energia da estatal registrou lucro
de R$ 153 milhões no primeiro semestre deste ano. Em igual período de 2004, a área havia registrado
prejuízo de R$ 326 milhões.
"A política de preços dos energéticos no país virou um "samba
do crioulo doido". Falta transparência na formação de preços da
Petrobras, que controla 100% do
fornecimento de gás no país",
afirmou.
Em relatório, o analista do banco Brascan, Luiz Caetano, afirma
que, embora a notícia do reajuste
seja positiva no curto prazo, os
aumentos poderão limitar a expansão futura das vendas de combustível.
"Nos últimos três anos, a venda
de gás natural cresceu numa média anual de 17,5%. Porém os aumentos de preço e toda a dúvida
quanto ao fornecimento do gás da
Bolívia trarão incertezas para os
possíveis novos usuários do produto, o que, seguramente, limitará sua utilização", escreveu.
(JANAINA LAGE)
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