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CRISE NO AR
Cortes devem acontecer a partir da próxima semana, como preparação para o processo de recuperação judicial
Interventor da Vasp anuncia demissões
FABIANA FUTEMA
DA FOLHA ONLINE
A Vasp deve dar início na próxima semana a um plano de enxugamento do quadro de pessoal. A
medida, segundo o presidente do
comitê interventor da Vasp, Raul
Levino de Medeiros, tem o objetivo de preparar a companhia para
o processo de recuperação judicial -solicitado em julho. Ele espera que a Justiça aceite o pedido
de recuperação até o começo de
setembro.
Antes disso, o comitê interventor precisa adequar o quadro de
funcionários ao processo de recuperação. Segundo ele, a lei determina que a empresa mantenha
em dia o pagamento das dívidas
contraídas após a concessão da
recuperação, como o pagamento
da folha de pessoal. O problema,
diz Medeiros, é que a Vasp tem
uma folha de pagamento "fictícia": são cerca de 4.900 funcionários. Mas cerca de 4.700 foram
afastados do trabalho e estão sem
receber salários desde dezembro.
Segundo ele, a empresa não tem
como regularizar o pagamento
desses funcionários, pois está sem
voar desde janeiro. A solução seria demitir a maior parte deles.
Medeiros não quis quantificar o
número de funcionários que serão cortados. "Devemos manter,
num primeiro momento, apenas
os funcionários que continuaram
trabalhando e ajudando a empresa a se recuperar."
O interventor disse que a situação dos demais funcionários também é ilegal, já que a CLT não permite que um funcionário fique
afastado por mais de 30 dias. Depois desse período, o funcionário
tem que retornar ao trabalho ou
ser demitido.
Para regularizar a situação, o
comitê interventor deve publicar
na próxima semana edital convocando os funcionários a comparecer à empresa. Essa regularização,
na prática, significará a demissão
dos funcionários afastados.
""Essa medida poderá ser até
um alívio para muitos funcionários, que estão com suas carteiras
[de trabalho] vinculadas à Vasp,
já começaram a trabalhar em outros lugares, mas não podem ser
registrados", disse o interventor.
Reginaldo Alves de Souza, o
Mandu, representante do Sindicato dos Aeroviários de São Paulo
no processo de intervenção, confirma que há funcionários da
Vasp nessa situação. "É um caso
complicado: o funcionário fica
sem receber, mas não pode trabalhar para outra empresa. Se quiser
ser contratado de novo, tem de tirar nova carteira, o que é ilegal."
Recuperação
Medeiros disse que a Vasp pretende recontratar os demitidos à
medida que retomar as atividades. "Ninguém quer demitir mão-de-obra tão especializada como a
da Vasp." O plano de recuperação
da Vasp prevê a recuperação da licença para operar o transporte aéreo de passageiros e de cargas.
"Vamos negociar com o DAC
[Departamento de Aviação Civil]
a recuperação das linhas que foram cassadas."
Segundo ele, a Vasp pedirá que
o DAC inspecione a frota da companhia, que pretende começar a
voar ainda neste ano, com 20
aviões.
Numa outra frente, o plano da
empresa também prevê a prestação de serviços de manutenção de
aviões para outras companhias.
Como a empresa está sob intervenção, há dúvidas sobre a legalidade da prestação de serviços.
A presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziella
Baggio, disse que não foi informada da decisão da Vasp de demitir
seus funcionários.
"O comitê interventor tem poder para isso. Mas o sindicato pode recorrer na Justiça."
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