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REAL
Ministro Pedro Malan antecipa programa para obter superávits primários e estabilizar a dívida do setor público
Governo prepara medidas fiscais para 99
CARLOS ALBERTO DE SOUZA
da Agência Folha, em Montevidéu
O ministro da Fazenda, Pedro
Malan, disse ontem que o governo
vai lançar um programa de medidas fiscais depois das eleições, no
caso da vitória do presidente Fernando Henrique Cardoso.
"O objetivo do programa é a geração continuada de superávits
primários para estabilizar a relação entre a dívida do setor público
e o PIB (Produto Interno Bruto)."
Ele fez questão de dizer que "não
se trata de um pacote que provocará surpresa na população depois
de um longo fim-de-semana".
"O governo não tomará, porém,
nenhuma medida de fundo até outubro próximo, quando ocorrerá a
eleição", afirmou. "Se FHC vencer, o governo deve definir com
clareza o programa fiscal de longo
prazo. É possível alcançar o objetivo desejado com as medidas."
Normalmente evasivo, Pedro
Malan não costuma antecipar medidas. como fez ontem em Montevidéu, no Uruguai. Ele não revelou
detalhes das medidas. Disse apenas que o programa vai durar do
próximo ano até 2001, ou seja, três
dos quatro anos do eventual segundo mandato.
Malan fez as declarações em palestra a cerca de 500 empresários e
executivos uruguaios, na Associação dos Dirigentes de Marketing,
falando em português e espanhol.
Após enumerar qualidades do
Real, admitiu que o Brasil também
enfrenta problemas, citando o déficit público e o desequilíbrio no
balanço de pagamentos.
O ministro descartou mudanças
imediatas e afirmou que o país deverá crescer mais. "Não faremos
aceleração da economia em curto
prazo. Tenho certeza de que futuramente o país terá crescimento
maior do que os 2% deste ano."
O ministro afastou a hipótese de
mudança na política cambial e implantação de medidas protecionistas.
Em entrevista a jornalistas após
a palestra, declarou que "o déficit
público consolidado -atualmente de 7% do PIB, ou seja, cerca de
US$ 60 bilhões- é um dos grandes desafios do governo".
Disse também que não estava fazendo um anúncio, o que, segundo ele, teria de acontecer no Brasil.
Sobre o processo de privatização, afirmou que "terá continuidade a fim de que as empresas públicas contribuam menos para a
consolidação do déficit".
Pedro Malan retornou ao Brasil
depois de passar dois dias na capital uruguaia, onde reuniu-se com
o presidente Julio Maria Sanguinetti e com os ministros Luis Mosca (Economia e Finanças) e Didier
Opertti (Relações Exteriores).
Ajuste fiscal
Depois de tentar sem sucesso
equilibrar as contas públicas nos
últimos quatro anos, a equipe econômica concluiu que o ajuste fiscal terá de ser feito necessariamente nos próximos anos.
Embora ninguém use o termo
pacote econômico, o governo sabe
que terá de adotar medidas para
melhorar o resultado das contas
públicas a partir de 1999.
A idéia é que o déficit nominal
-que inclui as despesas com juros- caia para algo entre 3% e
3,5% do PIB até o ano 2002.
Para obter esse resultado, o governo espera conseguir o apoio
dos deputados e senadores para
concluir a votação da reforma da
Previdência Social, prorrogar a
CPMF (Contribuição Provisória
sobre Movimentação Financeira),
regulamentar a reforma administrativa e votar em 1999 uma reforma fiscal e tributária.
Também deverão ser enviadas
ao Congresso Nacional propostas
para alterar a legislação trabalhista. Ou seja, tudo irá depender das
negociações políticas com deputados e senadores.
Se FHC for reeleito no primeiro
turno, como indicam as pesquisas, o governo avalia que terá mais
força para negociar.
Na área do Executivo, o governo
não pretende conceder reajuste
geral para os servidores públicos
no próximo ano e o reajuste das
aposentadorias e pensões pagas
pelo INSS (Instituto Nacional do
Seguro Social) deverá ficar em
apenas 3% em junho de 99.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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