São Paulo, quinta, 20 de agosto de 1998

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MERCADO TENSO
Banco central vende dólar para evitar desvalorização do bolívar, que há dez dias vem sofrendo ataques
Juros chegam a 90% ao ano na Venezuela

das agências internacionais

A taxa de juros de curto prazo da Venezuela disparou depois que os esforços do banco central em defender a moeda local deixaram o sistema financeiro com poucos bolívares disponíveis. A taxa de juros interbancários chegou a 90% ao ano. Na terça-feira estava em 30% e na segunda, em 8%.
A escalada dos juros aconteceu porque os bancos tentavam obter bolívares, a moeda local, depois que o BC vendeu US$ 100 milhões por dia desde a semana passada, tentando evitar a desvalorização da moeda local.
O governo venezuelano disse que não tem planos de desvalorizar o bolívar, embora haja uma crescente pressão.
A imprensa local anunciou que o governo pretendia desvalorizar a moeda entre 17% e 20%. A notícia foi negada pelo ministro de Planejamento venezuelano, Teodoro Petkoff.
Petkoff afirmou que as notícias eram apenas rumores, que tinham sido retirados de uma declaração do candidato à Presidência Alfredo Ramos.
Investidores se dizem apreensivos com uma possível desvalorização, devido à queda de 33% no preço do petróleo -principal produto exportado-, que diminui a entrada de receitas em dólar no país.
O valor do bolívar caiu ontem mais uma vez, fechando em 573 por dólar, contra 572.50 na terça-feira, completando, assim, dez dias de queda consecutiva.
Desde o início do ano o bolívar já desvalorizou 11,9%.
Uma desvalorização da moeda estancaria o crescente déficit orçamentário, ao permitir a entrada de mais bolívares no caixa do governo por dólar conseguido com a venda de petróleo.
A necessidade de financiamento do governo venezuelano para equilibrar seu Orçamento já é de US$ 3,3 bilhões.
Para tentar encontrar alternativas de financiamento para o crescente déficit, o governo venezuelano vai requisitar ao Congresso poderes especiais para editar leis econômicas sem aprovação dos parlamentares.
Entre as medidas do atual presidente venezuelano, Rafael Caldeira, cujo mandato termina em fevereiro, estão: a criação de um novo imposto sobre vendas de 16,5%, a obtenção de novos empréstimos e a mudança nas leis de previdência do país.



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