São Paulo, sexta-feira, 20 de setembro de 2002

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CRISE NA AL

Apesar do resultado semestral, retração foi menor no 2º trimestre

PIB da Argentina desaba 14,9%

JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES

A economia argentina registrou uma retração de 14,9% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2001. Apesar do resultado catastrófico, o governo tenta ao menos comemorar o fato de que o ritmo de queda na economia diminuiu nos últimos meses do semestre.
Segundo o Indec (o IBGE local), o PIB argentino caiu 16,3% no primeiro trimestre deste ano e 13,6% no segundo. Além da base de comparação mais favorável, o melhor resultado foi conseguido por uma alta de 0,9% na atividade econômica entre os trimestres se forem excluídos fatores sazonais.
Dados semelhantes mas específicos da produção industrial já vêm sendo usados pelo governo há algumas semanas para tentar convencer o mercado e a população de que o pior momento da crise já teria sido superado.
De qualquer forma, o mercado continua pessimista sobre se o governo conseguirá cumprir a meta de queda de 11% para o PIB deste ano. Segundo a maioria dos analistas, a retração será de 13% a 15%, devido às dificuldades de fechar um acordo com o FMI e à lentidão do governo em eliminar as restrições para o saque de depósitos bancários.

"Quase-moedas"
Os títulos públicos que na Argentina funcionam como papel-moeda já representam 37% do total de dinheiro em circulação no país, segundo o CEB (Centro de Estudos de Buenos Aires).
Os papéis, chamados de "quase-moedas", foram criados em agosto de 2001 por governos provinciais que não tinham os recursos necessários para realizar o pagamento de dívidas e de despesas com o funcionalismo público. Desde então, 22 governadores, prefeitos e também o governo federal imprimiram 8,973 bilhões de pesos em "quase-moedas".
O resgate dos papéis em circulação representa uma das principais exigências do FMI para fechar o acordo com a Argentina. Mas os governadores não têm cumprido nem o compromisso já assinado com o Fundo de suspender a impressão de novos papéis.


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