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CRISE NO AR
Carlos Lessa classifica de "factóides" informações de que banco emprestaria US$ 600 milhões para a empresa
BNDES descarta ajudar Varig antes da fusão
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico Social), Carlos Lessa,
negou ontem que o banco tenha
intenção de emprestar dinheiro
para ajudar a Varig a superar suas
dificuldades financeiras antes da
fusão com a TAM.
Questionado se a Varig estaria
apta a receber o dinheiro agora,
depois que assinou com a TAM
um contrato de associação que dá
prosseguimento às negociações
para a fusão, Lessa disse:
"O olho do BNDES está virado
para uma nova companhia de
aviação. Nós cansamos de falar isso. Na nossa avaliação, o Brasil
precisa ter uma companhia de
avaliação sólida, estruturada e
que voe em céu de brigadeiro. Para isso, ela tem que voar a partir
de suas forças, sem estar onerada
pelo passado".
Ele classificou como "factóides"
as informações de que o banco já
estaria disposto a emprestar US$
600 milhões à Varig. "Se eu fizesse
uma sinopse do que saiu na imprensa, eu estaria enlouquecido.
Vocês [jornalistas] já disseram
que a gente iria aplicar US$ 100
milhões, US$ 600 milhões e até
US$ 1 bilhão. Ainda não sei quanto é. Só sei que é possível criar factóides. Quem os cria eu não conheço", afirmou.
Lessa comentou também a informação de que a Varig teria alegado dificuldades financeiras para sobreviver até a data da possível fusão: "Ela [a Varig] está dizendo isso há oito meses. Esse
problema não é comigo, mas com
os atuais financiadores da Varig,
com as empresas que financiaram
aluguel de avião, com a Petrobras
[por meio da BR Distribuidora] e
com o Banco do Brasil".
O contrato de associação entre a
Varig e a TAM, assinado na última quarta-feira, estabelece um
prazo de 120 dias, prorrogável por
mais 90, para que as duas partes
assinem a fusão definitiva.
Chancela do Cade
A fusão, caso acordada entre as
duas empresas, ainda precisará
ser aprovada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa
Econômica).
Lessa diz que o banco ainda não
recebeu o documento com a proposta de fusão das duas empresas.
Ele afirma que já foi constituído
um grupo de trabalho para avaliar
o documento e fazer sugestões.
Segundo Lessa, no entanto, a forma de atuação do BNDES para
viabilizar o acordo só será divulgada depois que o ministro da Defesa, José Viegas, aprovar as recomendações que ainda serão feitas
por esse grupo.
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