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São Paulo, sábado, 20 de setembro de 2003

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RECOMEÇO

Economia do país vizinho cresceu 1,6% entre maio e julho e acumula expansão de 4,13% no ano; exportação puxa alta

Argentina tem 5º trimestre de recuperação

ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES

A economia argentina cresceu 1,6% no segundo trimestre em comparação com os três primeiros meses do ano. Foi o quinto trimestre consecutivo de recuperação, após a queda de 5,8% registrada entre janeiro e março de 2002 -último dado negativo.
Se a base de comparação for o segundo trimestre do ano passado, a expansão foi de 7,6%, maior que os 5,6% registrados nos três primeiros meses de 2003. No acumulado do ano, o PIB (Produto Interno Bruto) argentino cresceu 4,13%, taxa que se aproxima da projeção traçada pelo governo para este ano, que prevê um avanço entre 5% e 5,5%.
"Apesar da recuperação, o desempenho da economia ainda está pelo menos 15% abaixo do último pico de crescimento, registrado no segundo trimestre de 1998", afirma o diretor do Departamento de Contas Nacionais do Indec, o instituto oficial de estatísticas do governo argentino, Fernando Cerro.
Cerro lembra que a expansão deste ano é, em parte, possível porque a base de comparação, que é 2002, é muito baixa. "O ano passado foi perdido para o país. Mais que isso, trouxe retrocesso", afirmou.
No segundo trimestre deste ano, o PIB argentino somou 265 bilhões de pesos (quase o mesmo valor em reais). No mesmo trimestre de 1998, o PIB valia 292,3 bilhões de pesos.
No ano passado, a Argentina viveu uma de suas piores crises, após ter decretado moratória da sua dívida em dezembro de 2001. Também desvalorizou o peso depois de ter mantido a moeda em paridade com o dólar por um período de dez anos.
A depreciação trouxe de volta o risco de hiperinflação, e a moratória fez desaparecer o já escasso acesso ao crédito para financiar investimentos.
Em 2002, a economia argentina teve uma retração de 10,9%, um dos piores resultados da história do país. No primeiro trimestre, por exemplo, a queda foi de 16,3% na comparação com 2001 e de 13,5% nos trimestre seguinte.

Estímulo
A recuperação que começou no final do ano passado foi puxada pelas exportações, que recuperaram fôlego após a depreciação cambial. No segundo trimestre deste ano, os setores que mais influenciaram o crescimento foram o agropecuário e o manufatureiro, justamente os que têm maior participação nas vendas externas.
Na agricultura, por exemplo, a alta foi de 12,8%, e no setor manufatureiro, de 13,8%. Os dados também mostram aumento no setor de construção civil -considerado um termômetro da economia-, que cresceu 28,5%. No setor de serviços, a alta foi de 3%.

Contas
A Argentina também teve um superávit em conta corrente de US$ 2,9 bilhões no segundo trimestre deste ano. Esse valor é maior que o registrado no trimestre anterior (US$ 1,9 bilhão) e foi puxado pelo aumento da arrecadação e pela redução no volume de gastos do governo.
Os dados foram divulgados ontem pelo Indec e representam 3% do PIB, segundo cálculos realizados pela instituição. No acumulado do semestre, o superávit acumulado em conta corrente soma US$ 4,8 bilhões.
"Os resultados foram possíveis num contexto de recuperação, após quatro anos consecutivos de queda na atividade", disse Cerro.


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