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RECOMEÇO
Economia do país vizinho cresceu 1,6% entre maio e julho e acumula expansão de 4,13% no ano; exportação puxa alta
Argentina tem 5º trimestre de recuperação
ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES
A economia argentina cresceu
1,6% no segundo trimestre em
comparação com os três primeiros meses do ano. Foi o quinto trimestre consecutivo de recuperação, após a queda de 5,8% registrada entre janeiro e março de
2002 -último dado negativo.
Se a base de comparação for o
segundo trimestre do ano passado, a expansão foi de 7,6%, maior
que os 5,6% registrados nos três
primeiros meses de 2003. No acumulado do ano, o PIB (Produto
Interno Bruto) argentino cresceu
4,13%, taxa que se aproxima da
projeção traçada pelo governo
para este ano, que prevê um avanço entre 5% e 5,5%.
"Apesar da recuperação, o desempenho da economia ainda está pelo menos 15% abaixo do último pico de crescimento, registrado no segundo trimestre de 1998",
afirma o diretor do Departamento de Contas Nacionais do Indec,
o instituto oficial de estatísticas do
governo argentino, Fernando
Cerro.
Cerro lembra que a expansão
deste ano é, em parte, possível
porque a base de comparação,
que é 2002, é muito baixa. "O ano
passado foi perdido para o país.
Mais que isso, trouxe retrocesso",
afirmou.
No segundo trimestre deste
ano, o PIB argentino somou 265
bilhões de pesos (quase o mesmo
valor em reais). No mesmo trimestre de 1998, o PIB valia 292,3
bilhões de pesos.
No ano passado, a Argentina viveu uma de suas piores crises,
após ter decretado moratória da
sua dívida em dezembro de 2001.
Também desvalorizou o peso depois de ter mantido a moeda em
paridade com o dólar por um período de dez anos.
A depreciação trouxe de volta o
risco de hiperinflação, e a moratória fez desaparecer o já escasso
acesso ao crédito para financiar
investimentos.
Em 2002, a economia argentina
teve uma retração de 10,9%, um
dos piores resultados da história
do país. No primeiro trimestre,
por exemplo, a queda foi de 16,3%
na comparação com 2001 e de
13,5% nos trimestre seguinte.
Estímulo
A recuperação que começou no
final do ano passado foi puxada
pelas exportações, que recuperaram fôlego após a depreciação
cambial. No segundo trimestre
deste ano, os setores que mais influenciaram o crescimento foram
o agropecuário e o manufatureiro, justamente os que têm maior
participação nas vendas externas.
Na agricultura, por exemplo, a
alta foi de 12,8%, e no setor manufatureiro, de 13,8%. Os dados
também mostram aumento no
setor de construção civil -considerado um termômetro da economia-, que cresceu 28,5%. No
setor de serviços, a alta foi de 3%.
Contas
A Argentina também teve um
superávit em conta corrente de
US$ 2,9 bilhões no segundo trimestre deste ano. Esse valor é
maior que o registrado no trimestre anterior (US$ 1,9 bilhão) e foi
puxado pelo aumento da arrecadação e pela redução no volume
de gastos do governo.
Os dados foram divulgados ontem pelo Indec e representam 3%
do PIB, segundo cálculos realizados pela instituição. No acumulado do semestre, o superávit acumulado em conta corrente soma
US$ 4,8 bilhões.
"Os resultados foram possíveis
num contexto de recuperação,
após quatro anos consecutivos de
queda na atividade", disse Cerro.
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