São Paulo, sábado, 20 de setembro de 2008

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Bolsa de Moscou registra alta de 28,7% e pregão é suspenso

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Pela segunda vez na semana, a Bolsa de Moscou teve as atividades interrompidas. Mas, ontem, foi a valorização repentina que fez parar o pregão, que fechou a 28,7%. Reflexo da ajuda bilionária prometida pelo governo russo, mas sobretudo da megaintervenção anunciada pelos EUA. A tormenta econômica russa ainda ganhou contornos políticos, com a troca de farpas entre autoridades locais e americanas.
Em apenas 35 minutos, o índice Micex disparou a 18%, forçando a interrupção. Pouco depois, o pregão foi reaberto e a Bolsa seguiu se valorizando, até fechar em 28,7%. Entre as ações que mais subiram, estavam as do banco Sberbank, justamente uma das instituições socorridas pelo banco central russo na quarta-feira com US$ 44,9 bilhões.
Na Rússia, a crise saltou à política. O país ocupou recentemente o território da Geórgia, provocando a Europa e os EUA. De acordo com o premiê (e líder de fato) Vladimir Putin, há uma tentativa de outras nações de "empurrar a Rússia de volta aos tempos da Guerra Fria", referência ao ataque de Condoleezza Rice.
Na quinta-feira, a secretária de Estado americana disse que a Rússia estaria no caminho do "isolamento" e da "irrelevância". Os opositores de Putin, com posição pró-ocidente, também tem feito a temperatura política esquentar, o que pode valer a cabeça do ministro das Finanças, Alexei Kudrin.
Putin disse ontem que o país tem reservas suficientes para proteger seu sistema financeiro e garantir o rublo. No mesmo dia, o governo anunciou um pacote preventivo de US$ 100 bilhões, para garantir a liquidez do mercado. Mas a recuperação do Micex é em grande parte reflexo das medidas tomadas em Washington, coordenadas pelo Federal Reserve com apoio do Congresso.
"Estamos nos levantando graças à recuperação nos mercados mundiais", admitiu Alexander Razuvaev, analista do banco Sobin. A instabilidade política já tirou US$ 36 bilhões do país no último mês. A queda nas commodities foi um outro tranco. Entre as economias emergentes, a Rússia é a mais estremecida com a tormenta de Wall Street.

Lembrança de 1998
A instabilidade da Bolsa de Moscou faz os russos temerem uma volta à situação de 1998, quando o país sofreu uma drástica fuga de dólares, afetando diretamente os pequenos investidores, que correram aos bancos para salvar suas economias. Desde então, as autoridades financeiras estabeleceram uma espécie de seguro para os pequenos poupadores.
As quedas desta semana foram as maiores desde 1998. A despeito da instabilidade política, a situação atual é mais promissora. As reservas do país são a terceira maior do mundo.

Com agências internacionais



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