São Paulo, quinta-feira, 20 de outubro de 2005

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SIDERURGIA

Alta nas exportações impediu recuo mais forte

Produção de aço cai com vendas internas em declínio neste ano

DA SUCURSAL DO RIO

Termômetro do nível de atividade da economia, a produção de aço caiu 4,1% de janeiro a setembro deste ano em relação a igual período de 2004. A queda só não foi maior graças às exportações, já que as vendas internas do produto recuaram 8,5% no período, segundo o IBS (Instituto Brasileiro de Siderurgia).
As projeções do IBS para 2005 apontam para uma produção de aço de 31,4 milhões de toneladas de aço, com queda de 4,5% em relação a 2004, com a economia estava aquecida. Se confirmada, será a primeira retração desde 2002. Em 2003, as exportações para a China impulsionaram o setor, apesar do fraco crescimento econômico e dos juros altos.
Para o presidente do IBS, Luiz André Rico Vicente, a política monetária restritiva, sem corte de juros de setembro de 2004 a setembro de 2005, afetou o desempenho do setor neste ano.
Além disso, o IBS informou que no começo deste ano a indústria fez grandes estoques de aço prevendo um aumento do consumo e temendo a alta das cotações.
Como a demanda não deslanchou, as empresas cortaram os pedidos e partiram para usar estoques antigos. Os maiores clientes da siderurgia são as fábricas de automóveis e eletrodomésticos.
Uma prova desse movimento de queima de estoques é a queda no terceiro trimestre deste ano, quando a produção de aço recuou 9% e as vendas para o mercado doméstico cederam 19%. Foi o pior desempenho do setor desde o 1º trimestre de 2003, quando o país vivia os reflexos da crise pré-eleitoral de 2002.
Com a queda prevista neste ano, o Brasil deve perder a 8ª posição no ranking mundial dos maiores produtores de aço para a Índia. Para 2006, Rico Vicente se diz otimista e prevê alta da produção por causa da queda dos juros.
Já as exportações de aço tiveram queda de 1,6% em volume de janeiro a setembro. O IBS disse que o recuo ocorreu porque no início do ano deixou de atender pedidos do exterior para suprir os clientes locais, que estavam fazendo estoques. As exportações, de acordo com o IBS, já voltaram a crescer e devem fechar o ano no azul. Os preços altos do aço, porém, garantiram um aumento de 29% no valor das exportações.

Discriminação
O presidente do IBS reclamou da "MP do Bem", que não foi votada pelo Congresso no começo deste mês e perdeu a validade, mas deve ser reeditada em breve pelo governo.
Segundo Vicente, a medida "discrimina" as empresas instaladas no país. Isso porque prevê a desoneração fiscal de nova fábricas cuja produção seja destinada prioritariamente às exportações.
Para ele, o benefício fiscal deveria ser dado a todo projeto de expansão de empresas já instaladas que tivesse como objetivo a exportação."A "MP do Bem" é fortemente desigual", disse.


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