São Paulo, quinta-feira, 20 de outubro de 2005

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Aérea paga para manter interesse de comprador

DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO

A Varig pagou US$ 2,5 milhões ao fundo norte-americano Matlin Patterson para ter o direito de vender a ele sua subsidiária de cargas, a VarigLog. Foram duas parcelas -uma de US$ 900 mil no último dia 12 e outra de US$ 1,6 milhão anteontem, quando já era dada como certa a ajuda do governo por meio do BNDES.
O compromisso foi feito no último dia 11. Na prática, US$ 2,5 milhões foram gastos para prorrogar até o próximo sábado o acordo de intenções para a venda da VarigLog. O acordo estava vencido desde 22 de setembro.
Omar Carneiro da Cunha, presidente da Varig, argumentou que a medida era a única alternativa, já que a Justiça americana exigia, para não decretar a retomada de aviões pelas empresas de leasing, a existência de ofertas firmes para capitalizar a aérea.
Carneiro da Cunha ressaltou que nada foi feito "na calada da noite".
"Essa decisão foi difícil para a empresa, em um momento de crise que nós passamos. Foi comunicada aos três juízes do caso, foi levada ao conhecimento da Fundação Ruben Berta [dona de 87% da Varig] e aprovada pelo conselho de administração da empresa", disse Carneiro da Cunha.
Sindicalistas e representantes do TGV (Trabalhadores do Grupo Varig), juntos, criticaram a ação da diretoria e ameaçam questionar a medida na Justiça, responsabilizando pessoalmente os executivos.
O administrador judicial da Varig, João Cysneiros Vianna, disse ontem que a diretoria da empresa aérea nunca escondeu que pagaria pela renovação, mas que o valor lhe pareceu "elevado". "O valor assusta em razão do estado [de endividamento] da própria empresa", afirmou.
Ontem -dia em que o juiz Alexander de Macedo, que se aposentou, despediu-se da 8ª Vara Empresarial do Rio, onde corre o processo de recuperação da Varig-, a eleição do representante dos trabalhadores no comitê de credores foi adiada mais uma vez.
Por decisão do juiz Luiz Roberto Ayoub, um dos que acompanham o caso Varig na Justiça do Rio, será esperada uma decisão definitiva da Justiça do Trabalho sobre o assunto. O TGV e os sindicatos, rivais antigos, disputam para eleger o representante. (BL)


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