São Paulo, quinta-feira, 20 de outubro de 2005

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Estudo avalia que prejuízo é superestimado

DA REPORTAGEM LOCAL

As estimativas de prejuízo levantadas pelo próprio Ministério da Agricultura com os focos de febre aftosa no país estão exageradas, afirma estudo completo e recém-concluído sobre o assunto da consultoria MB Associados.
Enquanto autoridades da área agrícola jogam a cifra das perdas para algo entre R$ 500 milhões a R$ 1 bilhão, o trabalho da consultoria estima prejuízos na exportação neste ano em R$ 200 milhões.
Algumas projeções mais pessimistas no mercado supõem perdas de até R$ 3 bilhões.
Segundo o economista José Roberto Mendonça de Barros, que dirige a MB Associados, os frigoríficos brasileiros são constituídos hoje por grandes grupos com unidades em vários Estados. Eles podem simplesmente desviar suas exportações de Mato Grosso do Sul para Estados como Goiás e Minas Gerais, por exemplo.
O mesmo vale para o caso das vendas externas para União Européia, Israel e África do Sul, países que, além de embargar as carnes de Mato Grosso do Sul, incluíram os vizinhos São Paulo e Paraná.
""Haverá certamente um redirecionamento da produção e abate para os Estados não-embargados", afirma o economista.
"O custo maior do atual surto não será medido na balança comercial, mas na imagem e no esforço que a iniciativa privada fez para para consolidar o Brasil como maior exportador de carnes."
Nos últimos anos, por exemplo, o Brasil negociou insistentemente a venda de carnes "in natura" para os EUA, fato que poderia finalmente ocorrer nos próximos meses. Agora, dificilmente a liberação ocorrerá no curto prazo.
O estudo da MB Associados ressalta que a ""grande questão" no momento é a liberação ou não do embargo, pela União Européia, para as importações de carnes do Estado de São Paulo.
Caso o embargo persista, será mais difícil substituir suas exportações com carnes de outros Estados. Nesse caso, a queda das exportações pode ser maior.
O trabalho ressalta que a oferta mundial de carnes está baixa devido à proibição de exportações dos EUA por conta de casos do chamado "mal da vaca louca".
Países como a Austrália e a Argentina, que vêm substituindo a demanda não atendida pelos EUA, já estão no limite da produção. "Será difícil para a União Européia encontrar fornecedores substitutos para a carne brasileira", afirma o trabalho.
A expectativa é que a União Européia reveja rapidamente o embargo da carne desossada, que é a principal forma de exportação para a região. O grande risco de contaminação por aftosa se dá pelo osso do animal doente. Mesmo quando o Brasil não era país considerado livre de aftosa, o bloco europeu sempre importou carne brasileira desossada.
Para a carne suína, não haverá grande impacto. O maior exportador, Santa Catarina, está fora do embargo. (FERNANDO CANZIAN)


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