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Estudo avalia que prejuízo é superestimado
DA REPORTAGEM LOCAL
As estimativas de prejuízo levantadas pelo próprio Ministério
da Agricultura com os focos de febre aftosa no país estão exageradas, afirma estudo completo e recém-concluído sobre o assunto
da consultoria MB Associados.
Enquanto autoridades da área
agrícola jogam a cifra das perdas
para algo entre R$ 500 milhões a
R$ 1 bilhão, o trabalho da consultoria estima prejuízos na exportação neste ano em R$ 200 milhões.
Algumas projeções mais pessimistas no mercado supõem perdas de até R$ 3 bilhões.
Segundo o economista José Roberto Mendonça de Barros, que
dirige a MB Associados, os frigoríficos brasileiros são constituídos
hoje por grandes grupos com unidades em vários Estados. Eles podem simplesmente desviar suas
exportações de Mato Grosso do
Sul para Estados como Goiás e
Minas Gerais, por exemplo.
O mesmo vale para o caso das
vendas externas para União Européia, Israel e África do Sul, países
que, além de embargar as carnes
de Mato Grosso do Sul, incluíram
os vizinhos São Paulo e Paraná.
""Haverá certamente um redirecionamento da produção e abate
para os Estados não-embargados", afirma o economista.
"O custo maior do atual surto
não será medido na balança comercial, mas na imagem e no esforço que a iniciativa privada fez
para para consolidar o Brasil como maior exportador de carnes."
Nos últimos anos, por exemplo,
o Brasil negociou insistentemente
a venda de carnes "in natura" para os EUA, fato que poderia finalmente ocorrer nos próximos meses. Agora, dificilmente a liberação ocorrerá no curto prazo.
O estudo da MB Associados ressalta que a ""grande questão" no
momento é a liberação ou não do
embargo, pela União Européia,
para as importações de carnes do
Estado de São Paulo.
Caso o embargo persista, será
mais difícil substituir suas exportações com carnes de outros Estados. Nesse caso, a queda das exportações pode ser maior.
O trabalho ressalta que a oferta
mundial de carnes está baixa devido à proibição de exportações
dos EUA por conta de casos do
chamado "mal da vaca louca".
Países como a Austrália e a Argentina, que vêm substituindo a
demanda não atendida pelos
EUA, já estão no limite da produção. "Será difícil para a União Européia encontrar fornecedores
substitutos para a carne brasileira", afirma o trabalho.
A expectativa é que a União Européia reveja rapidamente o embargo da carne desossada, que é a
principal forma de exportação
para a região. O grande risco de
contaminação por aftosa se dá pelo osso do animal doente. Mesmo
quando o Brasil não era país considerado livre de aftosa, o bloco
europeu sempre importou carne
brasileira desossada.
Para a carne suína, não haverá
grande impacto. O maior exportador, Santa Catarina, está fora do
embargo.
(FERNANDO CANZIAN)
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