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PECUÁRIA
Fazendeiros dizem que só abaterão gado após receber dinheiro prometido pelo governo; MST participa de manifestação
Produtor protesta por indenização
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM JAPORÃ
Produtores rurais de Japorã (a
486 km de Campo Grande), no sul
de Mato Grosso do Sul (MS), fizeram ontem protesto para pressionar os governos federal e estadual
a indenizarem antecipadamente
os produtores que tiverem o gado
abatido na cidade, onde foram
confirmados três focos de febre
aftosa. Cerca de 200 pessoas
-entre produtores e comerciantes- participaram do protesto.
A tensão da manifestação foi
ampliada porque muitos fazendeiros tinham recebido a notificação formal, feita pela Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária
Animal e Vegetal), sobre a interdição de transporte e comercialização do gado de produtores localizados em um raio de até 3 km
dos focos de aftosa de Japorã.
"Meu gado está sadio, mas falaram que até três quilômetros do
foco de aftosa todo o gado vai ser
abatido. Prefiro que dêem um tiro
em mim. Jamais vou permitir que
matem meu gado", disse Valmira
Alves da Silva, chorando.
Ela é dona do sítio Rancho Alegre, que é vizinho aos sítios Santo
Antônio e São Benedito, onde focos foram confirmados pelo Ministério da Agricultura. Segundo
ela, a Iagro já havia vistoriado seu
gado e atestado que estava sadio.
Os produtores rurais reunidos
no protesto disseram que não vão
deixar que o gado seja morto antes de o dinheiro da indenização
ser depositado na sua conta. "Enquanto não tiver o pagamento na
conta de cada produtor, não liberaremos o gado para abate. A forma de impedir isso ainda não definimos", disse o pecuarista e presidente do Conselho de Saúde
Animal de Japorã, Arlindo Perin.
As dúvidas e a tensão dos produtores transformaram o protesto em uma audiência pública informal. O coordenador de vigilância sanitária da Iagro em Japorã,
José Eder, respondeu às perguntas dos produtores no microfone
instalado para os discursos.
Segundo o coordenador, a notificação recebida pelos fazendeiros
é apenas a formalização de um
procedimento que já vem sendo
tomado. Desde a confirmação do
primeiro foco na região, em Eldorado, o transporte e a comercialização do gado está proibida.
Os pecuaristas esperam o apoio
inusitado de assentados do MST
(Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra) e da Fetagri
(Federação dos Trabalhadores na
Agricultura). "O povo, quando resolve fazer alguma coisa, faz. Na
região, temos dois assentamentos
[do MST e da Fetagri]. Esse pessoal sabe se organizar", disse Perin, o presidente do Conselho de
Saúde Animal, com representantes dos assentados. No protesto
dos produtores rurais, havia duas
bandeiras do MST.
Fundo
O governo de Mato Grosso do
Sul anunciou ontem que irá destinar R$ 500 mil para a criação de
um fundo emergencial para ajudar os pequenos agricultores de
cinco municípios que estão sem
poder vender leite por causa dos
focos de febre aftosa confirmados.
A criação do fundo foi anunciada anteontem pelo governador do
Estado, José Orcílio dos Santos, o
Zeca do PT, em um encontro em
Campo Grande com os prefeitos
de Eldorado, Japorã, Iguatemi,
Itaquirai e Mundo Novo.
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