São Paulo, sábado, 20 de outubro de 2007

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Aumenta renda disponível para compras

Pesquisa aponta que sobra para despesa extra do consumidor é de 17,8% do salário neste final de ano, contra 12,6% em 2006

Eletroeletrônicos e celulares estão entre itens preferidos; 38,8% dos entrevistados não pretendem comprar bens duráveis neste trimestre

TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO

A disponibilidade de renda dos consumidores no último trimestre do ano é a maior em quatro anos, segundo pesquisa do Provar (Programa de Administração do Varejo), da USP, na cidade de São Paulo. Após os gastos com alimentação, habitação, vestuário, transporte, saúde, educação e lazer, deve sobrar 17,8% da renda para outras despesas, contra 12,6% em igual período do ano passado, 9,4% em 2005 e 9,7% em 2004.
Esse aumento se deve às condições econômicas favoráveis, com facilidades de acesso ao crédito, juros em queda, alongamento do prazo de pagamento, ganho real do rendimento e depreciação do dólar diante do real, barateando importados.
Pela primeira vez, a pesquisa contabilizou também quanto da renda para outras despesas já está comprometido, apontando que 7,3 pontos percentuais dos 17,8% serão direcionados para o pagamento de dívidas parceladas feitas em meses anteriores.
No terceiro trimestre do ano, a disponibilidade de renda chegava a 16,4%, e o aumento se explica pelo acréscimo do 13º salário, com as duas parcelas em novembro e em dezembro.

Carteira fechada
O cenário econômico também explica por que houve queda no indicador de consumidores que não pretendem comprar bens duráveis neste trimestre. De acordo com a pesquisa, apenas 38,8% não pretendem abrir as carteiras, contra 63,2% no mesmo período do ano passado e 43,8% no período de julho a setembro. Claudio Felisoni, coordenador-geral do Provar, arrisca uma explicação para a queda. "No final de 2006, havia um comprometimento maior da renda e um risco mais elevado de inadimplência, o que reduziu as expectativas de consumo", opina.
Na lista de objetos cobiçados para este trimestre, o celular é o artigo mais citado, por 11,8% dos entrevistados. Em seguida, aparece a linha branca (geladeira, fogão, máquina de lavar), com 10,2% dos pesquisados dizendo que querem um desses produtos. Nos dois casos, houve aumento da intenção de gastos com os artigos na comparação com o quarto trimestre do ano passado.
Categorias como eletroeletrônicos e informática, embora com alta na intenção de compra, apresentaram recuo no valor que deve ser gasto por causa do dólar. O segmento de material de construção foi o único que teve queda na intenção de compra e de gasto, mas o estudo considera apenas as vendas feitas para a pessoa física.
Na opinião do consultor especializado em varejo Marcos Gouvêa de Souza, ainda há muito espaço para demandas não atendidas.
Apesar disso, acrescenta, as vendas devem ter uma expansão menor neste final de ano, porque a base de comparação, em 2006, já era alta.
O comércio varejista registrou crescimento pelo oitavo mês seguido em agosto, de acordo com a pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgada nesta semana. No confronto com igual período anterior, houve um aumento de 11% na receita nominal no acumulado do ano e de 9,7% no volume de vendas. Considerando os últimos 12 meses, a expansão é um pouco menor em faturamento (9,9%) e em volume (9%).

Internet
No comércio eletrônico, levantamento do Provar e da e-bit, empresa que acompanha o segmento, apontou o percentual de consumidores on-line que pesquisam nas lojas antes de adquirir o item pelo site.
Na linha branca, 77,8% têm esse hábito, contra 70,7% em celulares e 69,9% em eletroeletrônicos. "Toda vez que o consumidor tem certeza do que vai receber, tende a migrar para as compras pela internet", afirma Claudio Felisoni. De acordo com Pedro Guasti, diretor-geral da e-bit, mais de 80% das vendas pela rede são pagas com cartão de crédito.
No varejo tradicional, a pesquisa do Provar apontou que 72,7% dos consumidores vão financiar automóveis, 60,8%, itens da linha branca, e 52,3%, eletroeletrônicos.


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