São Paulo, quarta-feira, 20 de novembro de 2002

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TRANSIÇÃO

Missão do Fundo concorda com proposta feita por equipe de Lula

FMI aceita, e revisão de meta do superávit fica para 2003

Lula Marques/Folha Imagem
O coordenador da equipe de transição do governo eleito, Antônio Palocci Filho, em Brasília


LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O FMI (Fundo Monetário Internacional) confirmou ontem, após a primeira reunião com integrantes da equipe de transição do governo eleito, que deixará as discussões sobre eventual mudança na meta de superávit primário (economia de receitas para o pagamento de juros) para fevereiro do ano que vem, exatamente como queriam os petistas.
"Não [foram discutidas mudanças nas metas previstas no acordo com o Fundo]. É [foi] uma primeira discussão, é [foi] uma conversa sobre a política e o programa econômico do novo governo e o programa do Fundo. Existe muita afinidade", disse ontem o diretor-assistente do Departamento do Hemisfério Ocidental do Fundo, Lorenzo Perez, depois do encontro com Antônio Palocci, coordenador da equipe de transição de governo do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.
Perez, no entanto, não detalhou quais seriam as afinidades entre o programa do FMI e o do governo eleito.
"Foi uma reunião muito construtiva. Eles nos explicaram o programa econômico do novo governo. Compartilhamos algumas idéias nas discussões econômicas", disse Perez. "Tivemos uma boa impressão e estamos muito contentes com esse primeiro contato com o novo governo."

Revisão do acordo
A missão do Fundo, em Brasília desde a semana passada, veio ao Brasil para a primeira revisão do acordo que foi fechado com o país em agosto passado.
Na verdade, o FMI gostaria de tratar agora de maior aperto nas contas públicas. Entretanto, a atual equipe econômica, assim como o PT, preferiu deixar essas discussões para fevereiro de 2003, quando ocorrerá a segunda revisão do acordo.
Questionado se o tema havia sido abordado na conversa com Palocci, Perez disse que não. "Realmente essa conversa mais concreta de política econômica será na próxima missão do Fundo [...] É muito cedo para falar disso", disse o diretor-assistente do FMI.
O argumento do PT e da atual equipe econômica para postergar as discussões sobre o superávit primário é que, até fevereiro do próximo ano, a situação no mercado financeiro deverá estar mais calma, o que contribuiria para melhorar os indicadores econômicos acompanhados pelo FMI -fundamentalmente a relação dívida/PIB (Produto Interno Bruto).
Pelas declarações dos técnicos da missão, o Fundo concordou com essa análise. "Temos que lograr uma melhora da economia, das expectativas. Os últimos dias nos dão a esperança de que isso está acontecendo", disse Perez.
"Parece-me que os mercados internacionais estão respondendo bem ao governo do presidente eleito Lula. As propostas econômicas [do governo eleito] são políticas muito prudentes e apropriadas", disse o chefe da missão, o economista argentino Jorge Marquez-Ruarte.
Ao ser indagado sobre se o aumento da inflação não preocupa o FMI, Perez respondeu que sim, mas ressaltou que a alta de preços "preocupa o novo governo e o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso" e disse que "estão sendo tomadas providências para tratar de mudar as expectativas inflacionárias, ou seja, a inflação."
Os técnicos do Fundo permanecem no Brasil até amanhã.


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