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TRANSIÇÃO
Para analistas, com política austera, país pode crescer até 2,3% em 2003 e puxar o crescimento da América Latina
Brasil de Lula lidera AL, prevê Wall Street
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
A economia da América Latina
só crescerá em 2003 se o Brasil liderar o caminho, e o mais provável é que o país consiga cumprir
este papel sob o comando do presidente eleito Luiz Inácio Lula da
Silva. Esta é a principal conclusão
de um debate que reuniu ontem
em Nova York os principais especialistas de Wall Street na região.
Os analistas do mercado financeiro se encontraram para o evento América Latina 2003 -Previsões
Econômicas e Financeiras, promovido pelo Conselho das Américas. Entre eles, marcaram presença Alfredo Thorne e Joyce
Chang, do JP Morgan, Arturo
Porzecanski, do ABN Amro, Gray
Newman, do Morgan Stanley
Dean Witter, e Walter Molano, da
BCP Securities.
Completavam os painéis José
Luís Daza, do Deutsche Bank, Robert Berges e Tulio Vera, da Merrill Lynch, e Geoffrey Dennis e
Thomas Trebat, do Salomon
Smith Barney. Os temas iam de
"Há Novas Oportunidades na
América Latina ?" a "O que Podemos Esperar?", passando por "A
Região Crescerá em 2003?".
As respostas a essas perguntas
foram em geral positivas. Mas o
que mais chamou a atenção foi o
otimismo do mercado (com raras
exceções) em relação à política
econômica que deve ser implantada pelo presidente eleito a partir
de 1º de janeiro do ano que vem.
"Lula surpreenderá o mercado
ao adotar medidas econômicas
mais austeras e favoráveis ao mercado", disse Gray Newman, economista-chefe para América Latina do Morgan Stanley.
Na mesma linha foi a exposição
de Arturo Porzecanski, diretor de
pesquisas para mercados emergentes do ABN Amro. "Também
acredito que o Brasil surpreenderá a todos nós com ações políticas
razoáveis por parte do novo governo", disse ele. Como justificativa, citou o bom histórico das administrações petistas em Estados
e municípios brasileiros.
Mas foi no campo das previsões
traduzidas em números que o otimismo esteve mais presente. Para
Newman, do ABN Amro, o Brasil
deverá crescer 2% do PIB em 2003
e fechar o ano com câmbio de R$
2,80. "Apostamos fortemente na
apreciação do real", disse. Previsão pouco mais positiva fez Porzecanski, que previu um crescimento do PIB de 2.3%.
Já Geoffrey Dennis, estrategista-chefe de bolsas para América Latina do Salomon Smith Barney, foi
mais longe ao afirmar que seu
banco escolheu o Brasil como
principal mercado de ações da região, mantendo sua recomendação "overweight" (acima da média de mercado).
"Recomendamos agora o Brasil
de forma bastante agressiva para
os nossos investidores", disse ele,
que prevê um retorno em dólar de
30% para quem aplicar na Bovespa de hoje até o final de 2003. Segundo Dennis, a Bolsa paulista
deve fechar o ano que vem em 15
mil pontos.
O tom róseo, porém, mesmo
que dominante, não foi unânime.
O coro dos descontentes foi puxado por um dos mais frequentes
críticos da situação econômica
brasileira, o economista-chefe da
BCP Securities, Walter Molano.
Para ele, a situação da dívida brasileira é insustentável, e isso fará
com que o país tenha uma contração de 1% do PIB no ano que vem.
Cenário semelhante pintou Alfredo Thorne, do JP Morgan. De
acordo com o economista-chefe
para América Latina, enquanto
Chile, Colômbia, México e Peru
crescerão 3,3% em conjunto em
2003, Brasil, Argentina e Venezuela devem passar por recessão.
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