São Paulo, quarta-feira, 20 de novembro de 2002

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Vamos rezar para juro não subir, diz Dirceu

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Diante da expectativa de aumento dos juros hoje pelo Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), o presidente do PT, deputado José Dirceu (SP), disse ontem: "Vamos torcer, rezar e pedir que os juros não sejam aumentados".
Publicamente, esse vem sendo o tom dos petistas. Reservadamente, membros da cúpula petista já fizeram chegar ao BC a expectativa de que seja tomada a decisão técnica necessária para conter a inflação em 2003.
A inflação tem subido principalmente por conta da alta do dólar. Neste ano, o mercado estima que o IPCA (índice considerado para as metas de inflação) deva ficar acima de 9%, o limite fixado no acordo com o FMI.
Segundo Dirceu, que insistiu em que não falava em nome do partido, "não há inflação de demanda, o dólar está caindo e as linhas de crédito internacional para as empresas brasileiras estão voltando a ser abertas".
O presidente do PT disse que a elevação dos juros básicos, que hoje estão em 21% ao ano, aumentaria a recessão, dificultaria a situação das empresas brasileiras e agravaria o desemprego.
Ele declarou que um eventual aumento de juros será "prejudicial" ao país porque faz crescer a dívida pública, o que sempre ajuda a gerar um clima de incerteza entre os investidores internacionais a respeito da capacidade do Brasil de honrar seus compromissos externos.
"O risco-Brasil está caindo, o dólar está caindo, e o PT vai fazer o que for possível para os juros não subirem", disse Dirceu. Ele afirmou, porém, que a posição oficial do partido cabia ao chefe da equipe de transição, Antônio Palocci Filho.
Os petistas têm evitado declarações mais veementes contra uma eventual alta de juros, com a preocupação de não criar para Lula o compromisso político de reduzir rapidamente as taxas a partir de janeiro -coisa que pode não ser tecnicamente possível.
Das vozes autorizadas do partido, a de Palocci -nome mais forte até o momento para o comando da futura equipe econômica- é a mais cautelosa. Questionado ontem sobre que taxa considerava ideal para o início do governo Lula, ele saiu pela tangente: "Será mais fácil começar com a taxa adequada".

Tarifas públicas
Indagado sobre a possibilidade de o PT discutir com as empresas privatizadas por FHC o preço das tarifas públicas, algo que deverá gerar pressão inflacionária no começo do novo governo, Dirceu afirmou: "Vamos discutir sem sobressalto o tema das tarifa públicas. Temos de enfrentar essa questão sem quebra de contrato".
Segundo Dirceu, o partido adotará uma atitude responsável ao tratar do preço das tarifas públicas e que a eventual rediscussão das taxas de reajuste será tratada de "forma transparente".


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