São Paulo, quarta-feira, 20 de novembro de 2002

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VIZINHO EM CRISE

Carta de compromisso não basta para acordo, diz o Fundo

FMI pede efetivação de promessas

MARCELO BILLI
DE BUENOS AIRES

O FMI (Fundo Monetário Internacional) respondeu ontem à iniciativa argentina de anunciar um pacto político de apoio às medidas exigidas pelos negociadores do organismo multilateral: o país deve implementar as promessas dos políticos para que seja possível fechar um acordo entre a Argentina e o Fundo.
"O programa [de ajuda do Fundo à Argentina] exige ação", afirmou ontem Thomas Dawson, porta-voz do FMI. "A implementação das medidas [com as quais os políticos se comprometeram] será essencial para que se apoie o programa [de ajuda]", afirmou o representante do organismo.
As declarações de Dawson foram a primeira reação da instituição à carta assinada por governadores e lideranças políticas argentinas na segunda-feira. No documento, os políticos se comprometem a apoiar o acordo com o FMI e a adotar as políticas exigidas pelos negociadores do Fundo.
O porta-voz do FMI lembrou ainda que um documento semelhante já havia sido publicado em abril. Na avaliação de Dawson, muitos dos pontos da carta anterior não foram implementados.
No entanto, na visão dos políticos argentinos, a maioria das 14 medidas que integravam o documento de abril deste ano chegou a ser implementada. Ontem, antes de o porta-voz do Fundo fazer as declarações, o ministro Roberto Lavagna (Economia) divulgara uma avaliação segundo a qual apenas dois pontos do documento acordado no primeiro semestre não haviam sido cumpridos -a criação de um novo sistema de co-participação de impostos e uma reforma política.
Lavagna afirmou ontem que, apesar do anúncio do pacto político, não há prazo para que seja fechado um acordo com o FMI. Segundo o ministro, não está prevista nenhuma visita de técnicos do Fundo ao país. "Continuamos negociando, em contato permanente, como sempre", disse Lavagna.
O pacto de apoio ao governo era uma das principais exigências dos técnicos do Fundo, que desejava ainda o compromisso dos candidatos à presidência nas eleições do próximo ano. Porém, o governo argentino não conseguiu o apoio dos presidenciáveis.

Fim da recessão
Segundo o ministro, a projeção de crescimento da economia argentina no terceiro trimestre deste ano é de cerca de 0,5% em relação ao trimestre anterior. Se confirmada a expectativa, será o segundo trimestre de resultado positivo. Lavagna disse esperar também um resultado positivo no último trimestre do ano, "caso não haja nenhuma surpresa".
Caso se concretize esse resultado, as taxas positivas de crescimento significariam, na avaliação do ministro, o fim do período recessivo e o começo de uma recuperação, ainda que tímida.


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