|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VIZINHO EM CRISE
Carta de compromisso não basta para acordo, diz o Fundo
FMI pede efetivação de promessas
MARCELO BILLI
DE BUENOS AIRES
O FMI (Fundo Monetário Internacional) respondeu ontem à iniciativa argentina de anunciar um
pacto político de apoio às medidas exigidas pelos negociadores
do organismo multilateral: o país
deve implementar as promessas
dos políticos para que seja possível fechar um acordo entre a Argentina e o Fundo.
"O programa [de ajuda do Fundo à Argentina] exige ação", afirmou ontem Thomas Dawson,
porta-voz do FMI. "A implementação das medidas [com as quais
os políticos se comprometeram]
será essencial para que se apoie o
programa [de ajuda]", afirmou o
representante do organismo.
As declarações de Dawson foram a primeira reação da instituição à carta assinada por governadores e lideranças políticas argentinas na segunda-feira. No documento, os políticos se comprometem a apoiar o acordo com o FMI
e a adotar as políticas exigidas pelos negociadores do Fundo.
O porta-voz do FMI lembrou
ainda que um documento semelhante já havia sido publicado em
abril. Na avaliação de Dawson,
muitos dos pontos da carta anterior não foram implementados.
No entanto, na visão dos políticos argentinos, a maioria das 14
medidas que integravam o documento de abril deste ano chegou a
ser implementada. Ontem, antes
de o porta-voz do Fundo fazer as
declarações, o ministro Roberto
Lavagna (Economia) divulgara
uma avaliação segundo a qual
apenas dois pontos do documento acordado no primeiro semestre
não haviam sido cumpridos -a
criação de um novo sistema de
co-participação de impostos e
uma reforma política.
Lavagna afirmou ontem que,
apesar do anúncio do pacto político, não há prazo para que seja fechado um acordo com o FMI. Segundo o ministro, não está prevista nenhuma visita de técnicos do
Fundo ao país. "Continuamos negociando, em contato permanente, como sempre", disse Lavagna.
O pacto de apoio ao governo era
uma das principais exigências dos
técnicos do Fundo, que desejava
ainda o compromisso dos candidatos à presidência nas eleições
do próximo ano. Porém, o governo argentino não conseguiu o
apoio dos presidenciáveis.
Fim da recessão
Segundo o ministro, a projeção
de crescimento da economia argentina no terceiro trimestre deste ano é de cerca de 0,5% em relação ao trimestre anterior. Se confirmada a expectativa, será o segundo trimestre de resultado positivo. Lavagna disse esperar também um resultado positivo no último trimestre do ano, "caso não
haja nenhuma surpresa".
Caso se concretize esse resultado, as taxas positivas de crescimento significariam, na avaliação
do ministro, o fim do período recessivo e o começo de uma recuperação, ainda que tímida.
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Águia: Déficit comercial tem queda de 0,7% nos EUA Índice
|