São Paulo, quarta-feira, 20 de novembro de 2002

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AVIAÇÃO

Fokker-100 será aposentado

Boeing inicia ofensiva para contrato da TAM

LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL

A norte-americana Boeing, maior indústria aeronáutica do mundo, iniciou uma ofensiva no Brasil para conseguir um contrato de venda de cerca de 30 aviões para a TAM.
A decisão ocorre justamente no momento em que a Varig, maior cliente da Boeing na América Latina, enfrenta sérios problemas financeiros e tem reduzido sua frota. Atualmente, a Varig tem uma frota de cem jatos Boeing, além de 15 Jet Class, aeronave fabricada pela brasileira Embraer.
A TAM é um dos focos principais da Boeing na América Latina, pois não possui nenhuma aeronave daquela indústria aeronáutica e quer substituir até 2005 os seus 29 Fokker-100. Atualmente, a companhia brasileira tem como seu principal fornecedor de aviões a indústria européia Airbus. Possui 49 aviões da empresa.
"Entregamos uma proposta para a TAM para substituir os Fokker-100, principalmente pelo nosso Boeing-717, de cem assentos. Aguardamos uma resposta nos próximos seis meses", afirmou ontem John Wojick, vice-presidente para a América Latina e Caribe da companhia.
A TAM confirmou o recebimento da proposta da Boeing. Disse, no entanto, que também a Airbus e a brasileira Embraer participam da concorrência. A Embraer quer vender unidades do modelo Embraer-195.

Mercado deve decolar
Apesar da atual crise vivida pela aviação brasileira e pelas companhias aéreas em todo mundo, Drew Magill, diretor de marketing para as Américas da Boeing, disse estar otimista sobre os próximos anos.
"As viagens aéreas na América Latina irão crescer a uma taxa anual de 7,9% nos próximos 20 anos. É uma das maiores taxas previstas para todas as regiões do mundo", disse. Segundo Magill, existe um mercado em forte crescimento na América Latina.
Para os Estados Unidos e Canadá, por exemplo, a Boeing prevê um crescimento anual de 3,5%. Para a Ásia, 6,2%.
A Boeing estima que 2.100 novos jatos deverão ser encomendados nos próximos 20 anos por companhias aéreas da América Latina e Caribe, no valor de US$ 107 bilhões. "Muitas empresas substituirão aviões mais antigos".
A Boeing afirmou ontem que não pretende participar do projeto de injeção de recursos na empresa. "Já fizemos em dezembro de 2001 uma renegociação da dívida da Varig conosco. Não vamos comprar ações da empresa", afirmou Wojick. A Varig possui atualmente uma dívida de cerca de US$ 900 milhões.

Canadá contra Embraer
O governo canadense conseguiu suspender, pelo menos temporariamente, um negócio de cerca de US$ 600 milhões entre a Embraer e a Lot, empresa estatal de aviação polonesa.
No início do mês, o embaixador brasileiro Marcelo Jardim viajou à Polônia para pressionar o governo daquele país a fechar o negócio com a Embraer. Levou uma carta do presidente Fernando Henrique Cardoso, na qual lembra aos poloneses as boas relações comerciais entre os dois países e a importância do negócio para o Brasil.
A Bombardier, empresa canadense concorrente da Embraer, pediu que o governo canadense interferisse a seu favor. A intervenção fez com que a Polônia reavaliasse a decisão da Lot de comprar 21 aviões da Embraer. A Polônia já comprou 15 aeronaves da Embraer.


Colaborou André Soliani, da Sucursal de Brasília

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