DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em discurso improvisado para cerca de 130 participantes da Cúpula Parlamentar de Integração Continental, o presidente Fernando Henrique Cardoso disse que a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) não é o demônio nem o céu nem o purgatório.
"A Alca, para alguns, é o demônio. Para outros, é o céu. Para nós, não é nem uma coisa nem outra, mas também não é o purgatório. É alguma coisa positiva, dependendo muito de como nós encaremos essas negociações", disse ele.
Além disso, o presidente afirmou que o processo de globalização precisa mudar porque está estimulando a desigualdade.
"O desafio é transformar essa globalização, que nasceu assim tão desigual, tão concentradora de renda, cultura e tecnologia para uma globalização com viés humanístico mais forte, nesse sentido que afeta a todos", disse.
Segundo FHC, o novo governo manterá as negociações. "Tenho certeza de que o governo vindouro levará o país pelo mesmo caminho de busca de ampliação de mercados com equanimidade".
O vice-presidente eleito, José de Alencar (PL), que estava presente, disse que concorda que a Alca não é o demônio, mas avaliou que é necessário perguntar se o acordo implicará de fato uma área de livre comércio.
"Se um país dá subsídios brutais, aí muda tudo", disse, em referência indireta aos subsídios agrícolas dos Estados Unidos.
De acordo com FHC, a reorganização mundial deve ir além dos acordos comerciais. "É fundamental que esse processo não se faça no isolamento dos escritórios ou somente a partir dos interesses econômicos -por mais importantes que sejam, e são-, mas se faça também com um espírito de aproximação crítica".
(LEILA SUWWAN)


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