UOL


São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Redução consecutiva já produz economia para os consumidores

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A queda consecutiva na taxa de juros que ocorre desde julho já gera certa economia para o consumidor. Uma análise a médio prazo mostra que, se há quatro meses o cliente de banco pagava, em média, R$ 65,27 em juros pelo uso da linha de cheque especial -no valor de R$ 1 mil- durante 20 dias, ele desembolsa pela mesma linha hoje pouco mais de R$ 58.
Essa redução no gasto ocorre porque em julho o cliente de banco pagava uma taxa média de 9,79% ao mês pelo uso do cheque especial. Com a redução na taxa básica (Selic) desde então, o mercado financeiro passou a cobrar um pouco menos pelos seus serviços e linhas de crédito.
Portanto, a taxa de juros no cheque especial passou de 9,79% em julho para 8,83% em outubro e atingiu mais de 8% em novembro, segundo os bancos.
Há outro exemplo: em julho o comércio cobrava, em média, juros de 6,73% ao mês para a compra de um aparelho de som de R$ 800, financiado em 12 vezes. Cada parcela saía por R$ 99,28 na época. Desde julho, os juros ao consumidor caem.
Com a queda na taxa básica (Selic) anunciada ontem, o mesmo aparelho de som vai custar menos a prazo. Estima-se que o valor médio da parcela fique agora em R$ 95, segundo as lojas ouvidas pela Folha ontem.
Os dados fazem parte de um levantamento da Anefac, a associação dos executivos de finanças, que leva em conta uma estimativa de taxas cobradas, em geral, nos bancos e no comércio.
A mesma queda nas taxas ocorre nas operações de cartão de crédito, empréstimo pessoal, assim como nas operações para pessoas físicas. A Anefac alerta, no entanto, que as taxas de juros cobradas ainda estão elevadas e a redução nos gastos do consumidor, com as recentes quedas, é tímida.
"Queríamos uma redução de até dois pontos percentuais na Selic, fazendo-a cair para 17% ao ano", afirma Oiram Corrêa, economista da Fecomercio.
Quando as empresas recorrem ao mercado financeiro para buscar empréstimos, também é possível verificar uma ligeira redução nos custos. Para obter capital de giro, por exemplo, em julho as empresas pagavam uma taxa de 4,57% ao mês. Em agosto, setembro e outubro, aconteceram reduções nessa taxa. Com a queda de ontem, esses juros para obter capital de giro caem para pouco mais de 4% agora.
Na avaliação de Miguel de Oliveira, presidente da Anefac, com a redução na taxa Selic, que ocorre há meses, os bancos passaram a perder rentabilidade nas aplicações de títulos públicos -que seguem a variação da Selic. Para manter a rentabilidade, as instituições tentarão manter os ganhos nas operações de crédito ao consumidor e às empresas.


Texto Anterior: Tesouro deverá administrar os vencimentos
Próximo Texto: Bancos e comércio seguem o BC e diminuem as taxas ao crédito
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.