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Receita tributária cresce, mesmo com crise
Arrecadação sobe 12,3% em outubro, novo recorde para o mês; governo espera retração só em janeiro
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Receita Federal espera que
os efeitos da crise financeira
mundial sobre a arrecadação só
apareçam a partir de janeiro do
ano que vem. A receita tributária é um indicador do ritmo de
crescimento da economia,
principalmente pelo recolhimento de tributos sobre o lucro
das empresas.
Em outubro, a arrecadação
bateu novo recorde, de R$
65,49 bilhões, o que representa
alta de 12,3% sobre o desempenho de outubro do ano passado.
Depois de desacelerar em agosto e em setembro, a arrecadação voltou a subir no mês passado nos mesmos níveis do primeiro semestre.
No acumulado do ano, a alta
no recolhimento de tributos foi
de 10,33%, somando R$ 576,59
bilhões, mesmo sem a CPMF,
extinta no último dia do ano
passado.
"Os indicadores tributários
não mostram sinais de desaceleração [da economia]. Entre a
instalação da crise e seus efeitos demanda um certo tempo.
Os efeitos só chegarão à arrecadação em janeiro de 2009",
afirmou o secretário-adjunto
da Receita, Otacílio Cartaxo.
O ex-diretor do Banco Central e consultor da CNC (Confederação Nacional do Comércio) Carlos Thadeu de Freitas
concorda com a previsão da Receita. "Essa arrecadação de outubro está em linha com o desempenho da economia. As
vendas do comércio cresceram
os mesmos 10% no mês passado. A atividade econômica continua forte", disse Freitas.
Segundo Felipe Salto, economista da consultoria Tendências, o resultado de outubro foi
melhor que o mercado financeiro esperava e deve se manter
neste mês e em dezembro, o
que vai contribuir para o resultado fiscal do governo no ano.
Embora negue efeitos da crise sobre a arrecadação, a Receita admitiu que a valorização do
dólar favoreceu o aumento do
IR das empresas e da CSLL
(Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido). Outra causa da
turbulência internacional contribuiu positivamente: o resgate de aplicações em renda fixa,
o que elevou o pagamento do IR
sobre de ganhos de capital.
A alta do dólar ajudou a melhorar os resultados, principalmente do setor de combustíveis. Por causa da valorização
da moeda americana em setembro, a Petrobras, que registrou lucro líquido de R$ 10,852
bilhões no terceiro trimestre
deste ano, pagou mais impostos. O IRPJ e a CSLL sobre esse
resultado foram pagos em outubro. Com isso, só o setor de
combustíveis foi responsável
por 86% do recolhimento desses tributos no mês passado,
que somaram R$ 14,4 bilhões.
A variação cambial ajudou
também no recolhimento do IR
sobre ganhos de capital das
operações de "swap" -troca de
moeda por títulos com correção pelo dólar. Ao mesmo tempo em que empresas como Sadia e Aracruz fizeram apostas
erradas em contratos de proteção cambial, teve quem ganhasse com essas perdas.
A receita com IR, tanto de
pessoas físicas como de jurídicas, somou R$ 18 bilhões em
outubro, com alta de 20% sobre
o mesmo mês do ano passado.
O IR da pessoa física registrou queda pela primeira vez
neste ano. Ela foi de 8,92% em
relação a outubro de 2007, mas
a piora é resultado das perdas
com aplicações em Bolsa e redução na venda de bens, como
imóveis e veículos.
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