São Paulo, quarta-feira, 20 de dezembro de 2000

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A ÁGUIA POUSOU

Apesar de deixar a taxa em 6,5%, banco central dos EUA indica insatisfação com a desaceleração rápida

Fed mantém juro alto; Bolsas desabam

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) decidiu ontem que não vai alterar as taxas de juros no país, atualmente em 6,5% ao ano. Mas deu um sinal de que o corte pode vir nas suas próximas reuniões.
O mercado porém esperava um corte de juros para ontem -as Bolsas, em alta até o comunicado do Fed, desabaram assim que souberam da manutenção da taxa de juros. Alan Greenspan, presidente do Fed e número um na condução da política monetária, havia dito neste mês que a economia desacelerava com rapidez.
Entre outros indicadores (como aumento do desemprego, queda na produção industrial e nas vendas), o PIB do terceiro trimestre ficou em 2,4%, a menor expansão em quatro anos.
A taxa principal dos juros norte-americanos está no mesmo nível (o mais alto em nove anos) há sete meses, resultado da política de conter o risco de alta da inflação, que decorreria de um superaquecimento da economia dos EUA, que cresce há mais de nove anos. A taxa fixada como meta pelo Fed serve como referência para as demais operações bancárias do país.
Juros altos significam menos dinheiro na praça, menos gente comprando. E aumentam também os custos do crédito, enforcando a capacidade de expansão das empresas. Diminuir a taxa era vista como uma solução para conter a desaceleração da economia.
O comunicado divulgado pelo Federal Reserve expressa essa preocupação. Os condutores da economia dos EUA dizem temer principalmente o risco de uma recessão (declínio da atividade econômica) do que o aumento da inflação, por exemplo.
O Fed afirma que observa com especial atenção os seguintes itens: o aumento dos custos das empresas, decorrente da alta dos preços dos combustíveis; a erosão do índice de confiança do consumidor -que indica quem está disposto a gastar- e os abalos constantes no mercado financeiro, criando um clima de instabilidade no país.
Foi a primeira vez em dois anos que o comunicado do Fed deu margem à interpretação de que pode baixar os juros devido a uma ameaça à vitalidade da economia.
"Era exatamente o que esperávamos. Isso é boa notícia. O Fed está se movendo para a direção certa", disse Arthur Hogan, analista-chefe da Jeffries & Co.
O seu entusiasmo não foi compartilhado pelas Bolsas. O Nasdaq (índice da Bolsa eletrônica dos EUA) fechou em seu menor nível de pontos na história, caindo 4,3%.
A próxima reunião do Fed está marcada para 30 de janeiro, quando o país já estará sob a administração George W. Bush. Anteontem, o presidente eleito do país fez coro ao pedido de corte de juros. "A probabilidade de uma inversão econômica hoje é muito mais real do que há um ano", afirmou, após encontro com Greenspan.


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