São Paulo, quarta-feira, 20 de dezembro de 2000

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A ÁGUIA POUSOU

Morgan Stanley anuncia lucro 26% menor no 4º trimestre

Desaceleração corta lucro e ameaça empregos nos EUA
France Presse
O presidente do Fed (o banco central dos EUA), Alan Greenspan, chega para a reunião em que a instituição optou por manter as taxas de juros do país em 6,5%



CÁTIA LASSALVIA
DA REDAÇÃO

Um dos sinais mais evidentes da desaceleração da economia norte-americana está nas grandes empresas. Após uma década de investimentos, companhias tradicionais anunciam demissões e derrubam as estimativas de lucro para o trimestre e para 2001.
O cenário reflete o novo rumo da economia dos EUA. Desde junho do ano passado, o Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) elevou as taxas de juros de 4,75% para 6,5%, como meio de frear o crescimento da economia norte-americana e evitar a alta da inflação.
Finalmente, e a galope, a maior economia do mundo passou a apresentar sinais consistentes de desaceleração. Caíram a produção industrial e o ritmo das vendas no varejo. Subiram os pedidos de auxílio-desemprego e os estoques nas fábricas.
O crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do país recuou de 5,6% no segundo trimestre para 2,4% no terceiro trimestre deste ano, a taxas anuais.
Com a freada econômica -que, para alguns, pode estar brusca demais-, passou a existir também o temor de que o país entre em recessão.
Fabricantes de computador esperam vender menos em 2001. O mesmo acontece para artigos de luxo, veículos e uma infinidade de bens de consumo e serviços.
Prevendo uma realidade diferente da dos últimos anos -que pode vir acompanhada de mais perdas nas Bolsas de Valores-, empresas anunciam cortes e planejam táticas de sobrevivência.
Ontem foi a vez dos tradicionais bancos Morgan Stanley Dean Witter e Goldman Sachs, as duas maiores instituições de consultoria sobre fusões no mundo, anunciarem lucro abaixo do esperado no trimestre.

Ações em queda
Os bancos atribuíram os resultados à queda no valor das ações e dos bônus, que prejudicaram as atividades de suas áreas de banco de investimento.
O Morgan Stanley informou que seu lucro líquido recuou 26% para US$ 1,21 bilhão no trimestre encerrado em 30 de novembro, em relação ao recorde de US$ 1,63 bilhão, obtido no trimestre do ano passado. Foi o primeiro declínio em mais de dois anos.
O Goldman Sachs anunciou que seu lucro líquido caiu para US$ 601 milhões, ante US$ 756 milhões no mesmo período de 1999. Foi a primeira queda de lucro desde maio do ano passado, quando o banco abriu seu capital. Mas, sem levar em consideração as despesas da compra da Spear Leeds & Kellog LP, seus lucros mostraram pouca alteração.

Previsões de dezembro
Neste mês os tradicionais bancos Chase Manhattan e JP Morgan anunciaram previsão de lucro menor e corte de 5.000 vagas.
A Gillette anunciou na última segunda-feira que fechará oito fábricas e dispensará 2.700 funcionários em 2001, para economizar cerca de US$ 125 milhões. A Aetna, maior seguradora dos EUA, também disse que cortará 5.000 empregos. O grupo Royal Dutch/ Shell anunciou que eliminará US$ 1 bilhão em custos em 2001.

Com agências internacionais

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