São Paulo, quarta-feira, 20 de dezembro de 2000

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Desempregados fazem protesto contra acordo DE BUENOS AIRES
Um dia depois do anúncio do socorro do FMI, a Argentina voltou a encontrar um velho fantasma: as manifestações sociais.
Desempregados promoveram bloqueios de estradas na Província de Neuquén (na região da Patagônia) e em Resistência, capital do Chaco (norte do país). No município de Florencio Varela, um dos mais pobres da região da Grande Buenos Aires, manifestantes bloquearam ruas reclamando por trabalho e comida.
Em Buenos Aires, a ala oficial da CGT (maior entidade sindical argentina) liderou um ato que teve início na plaza de Mayo, em frente à Casa Rosada (sede do governo), e em seguida paralisou a avenida Nove de Julho, uma das principais vias da cidade.
A lista de motivos apresentada pelo sindicalista Rodolfo Daer para a manifestação incluiu o acordo com o FMI, a taxa de desemprego (que passou de 13,8%, há um ano, para 14,7%) e a decisão do governo de desregulamentar a administração dos serviços médicos -o que afeta diretamente os interesses dos sindicatos.
Em Rio Negro (capital de Neuquén), a polícia usou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar manifestantes perto do aeroporto da cidade. De acordo com a polícia, não houve feridos.
Pouco mais de um mês atrás, no mesmo dia em que Fernando de la Rúa anunciava o terceiro plano econômico do ano, um manifestante morreu durante a repressão da polícia a um bloqueio de estrada em Salta.
A polícia chegou ao local por volta das 5h30 para dispersar cerca de 350 pessoas que obstruíram a rota, próxima à cidade de Tartagal, pedindo empregos e comida.
De acordo com a versão oficial, os policiais foram recebidos com pedradas. No tumulto, um dos piqueteiros morreu depois de receber um tiro no rosto.
Em 24 de novembro, houve outra morte em um bloqueio de estrada durante a terceira greve geral da gestão De la Rúa, convocada pela CGT, a CGT dissidente e a CTA (Central dos Trabalhadores Argentinos), e que paralisou 93% dos trabalhadores do país.
Segundo afirmou De la Rúa, o pacote do FMI, agora confirmado, vai permitir a criação de 1,5 milhão de empregos por ano no país. Oficialmente, existem 2,076 milhões de desempregados. Mas somados aos subocupados, o número de pessoas com problemas de emprego chega a 4 milhões, quase um terço da população economicamente ativa. (JAD)


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