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VIZINHO EM CRISE
Reconversão custaria US$ 5 bi e quebraria o sistema, diz Lavagna
Corte argentina debate redolarização
MARCELO BILLI
DE BUENOS AIRES
A Suprema Corte argentina volta hoje a discutir a redolarização
dos depósitos bloqueados nos
bancos -medida que pode custar 18 bilhões de pesos (cerca de
US$ 5 bilhões) ao governo.
Os membros da Corte rejeitaram o pedido de afastamento de
dois juízes que se julgavam impedidos de votar em uma causa contra a pesificação. Com a decisão, é
possível atingir os cinco votos necessários para declarar a inconstitucionalidade da pesificação.
Os depósitos dos argentinos foram pesificados em janeiro pelo
governo. Na época, depósitos em
dólares foram convertidos em pesos a uma taxa de câmbio de 1,40
peso por dólar. Hoje, um dólar
vale 3,50 pesos.
Caso a Corte declare a pesificação inconstitucional, os bancos
teriam que devolver os depósitos
de acordo com a taxa de câmbio
do dia, e não àquela usada pelo
governo em janeiro. Na prática, a
diferença é menor, porque os depósitos foram corrigidos por um
indexador criado pelo governo.
Ainda assim, banqueiros estimam que o rombo causado por
uma eventual redolarização seria
de 18 bilhões de pesos -cerca de
US$ 5 bilhões. Na avaliação dos
bancos e também do ministro da
Economia, Roberto Lavagna, a
medida quebraria o sistema financeiro.
A saída, de acordo com os banqueiros, seria o governo emitir títulos para entregá-los aos clientes
dos bancos. Lavagna é contra a
emissão, já que ela aumentaria a
dívida pública.
A Suprema Corte agendou para
hoje uma reunião extraordinária,
mas não estava claro se a principal
causa relativa à pesificação seria
discutida. No Judiciário, a avaliação é que já existem cinco juízes
favoráveis à redolarização. Também especula-se que, dada a impossibilidade de devolver os dólares aos clientes, os juízes apenas
decidiriam pela inconstitucionalidade e deixariam ao governo a tarefa de decidir como efetuar a devolução dos depósitos.
Ontem, o presidente Eduardo
Duhalde afirmou que, até o final
deste ano, o país fecharia um
acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional). Na avaliação
do presidente, todos os requisitos
técnicos foram atingidos, e o
acordo dependeria de uma decisão política do Fundo.
O porta-voz do FMI, Thomas
Dawson, disse que são "boas as
conversas" com o governo. Mas
disse que não havia nenhum
anúncio iminente a ser feito.
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