São Paulo, sexta-feira, 20 de dezembro de 2002

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VIZINHO EM CRISE

Reconversão custaria US$ 5 bi e quebraria o sistema, diz Lavagna

Corte argentina debate redolarização

MARCELO BILLI
DE BUENOS AIRES

A Suprema Corte argentina volta hoje a discutir a redolarização dos depósitos bloqueados nos bancos -medida que pode custar 18 bilhões de pesos (cerca de US$ 5 bilhões) ao governo.
Os membros da Corte rejeitaram o pedido de afastamento de dois juízes que se julgavam impedidos de votar em uma causa contra a pesificação. Com a decisão, é possível atingir os cinco votos necessários para declarar a inconstitucionalidade da pesificação.
Os depósitos dos argentinos foram pesificados em janeiro pelo governo. Na época, depósitos em dólares foram convertidos em pesos a uma taxa de câmbio de 1,40 peso por dólar. Hoje, um dólar vale 3,50 pesos.
Caso a Corte declare a pesificação inconstitucional, os bancos teriam que devolver os depósitos de acordo com a taxa de câmbio do dia, e não àquela usada pelo governo em janeiro. Na prática, a diferença é menor, porque os depósitos foram corrigidos por um indexador criado pelo governo.
Ainda assim, banqueiros estimam que o rombo causado por uma eventual redolarização seria de 18 bilhões de pesos -cerca de US$ 5 bilhões. Na avaliação dos bancos e também do ministro da Economia, Roberto Lavagna, a medida quebraria o sistema financeiro.
A saída, de acordo com os banqueiros, seria o governo emitir títulos para entregá-los aos clientes dos bancos. Lavagna é contra a emissão, já que ela aumentaria a dívida pública.
A Suprema Corte agendou para hoje uma reunião extraordinária, mas não estava claro se a principal causa relativa à pesificação seria discutida. No Judiciário, a avaliação é que já existem cinco juízes favoráveis à redolarização. Também especula-se que, dada a impossibilidade de devolver os dólares aos clientes, os juízes apenas decidiriam pela inconstitucionalidade e deixariam ao governo a tarefa de decidir como efetuar a devolução dos depósitos.
Ontem, o presidente Eduardo Duhalde afirmou que, até o final deste ano, o país fecharia um acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional). Na avaliação do presidente, todos os requisitos técnicos foram atingidos, e o acordo dependeria de uma decisão política do Fundo.
O porta-voz do FMI, Thomas Dawson, disse que são "boas as conversas" com o governo. Mas disse que não havia nenhum anúncio iminente a ser feito.


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