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POLÍTICA MONETÁRIA
Presidente do Banco Central diz que estará à disposição do novo governo após 1º de janeiro
Armínio afirma que está "engajado" para ajudar governo Lula
ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Banco Central,
Armínio Fraga, disse ontem que
está "engajado em ajudar" o novo
governo e se colocou à disposição
do presidente eleito, Luiz Inácio
Lula da Silva, e de sua equipe para
dar opiniões e colaborar no que
for necessário depois da troca do
poder, em 1º de janeiro.
"Como brasileiro, se puder ajudar, ajudarei. Se alguém precisar
de uma opinião, de alguma análise, não me negarei", disse Armínio à Folha, depois de tomar café
da manhã com os futuros ministro da Fazenda, Antonio Palocci
Filho, e presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
Armínio, que pretende se mudar para o Rio de Janeiro e cumprir a quarentena (quatro meses
remunerados sem trabalhar, depois de deixar o governo), disse
enfaticamente que tem conversado também com representantes
de vários partidos, inclusive os
que farão oposição a Lula, como
PSDB e PFL.
Ressalvou, porém, que não pretende municiar a nova oposição
que se organiza: "Não tenho nenhuma intenção de atuar em
qualquer nível político-partidário, principalmente na oposição.
Ao contrário, onde for possível,
pretendo ajudar o governo", disse
Armínio.
Na sexta-feira passada, Armínio
recebeu no seu gabinete do Banco
Central os senadores Jorge Bornhausen (SC) e José Agripino
Maia (RN), respectivamente presidente e líder do PFL no Senado.
Segundo ele, foi uma "visita de
cortesia, de despedida".
Na sua versão, os congressistas e
ele próprio agradeceram-se mutuamente pelo "espírito de cooperação". Já no final, Agripino teria
perguntado: "Se algum dia precisarmos ouvir sua opinião sobre
política econômica, podemos
procurá-lo?"
Armínio relatou ontem que respondeu afirmativamente, mas de
forma protocolar, gentil: "Claro!
Com o maior prazer".
Isso, porém, segundo ele, não
significa que tenha intenção de
dar consultoria para o PFL ou para qualquer outro partido e nem
mesmo municiá-los informalmente para que possam questionar decisões do futuro governo.
Na terça-feira, Agripino já fez
um primeiro teste. Ligou para Armínio, no BC, para pedir ajuda e
"dicas" sobre perguntas que o
PFL deveria formular tecnicamente para Meirelles durante a
sabatina dele na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.
Armínio não atendeu nem voltou
a ligar para Agripino.
Assessoria, não
O atual presidente do BC também declarou que ainda não definiu seu destino profissional, mas
uma coisa já sabe: "Não serei comentarista de Copom [Comitê de
Política Monetária do BC", nem
vou trabalhar em assessoria econômica para ninguém". Isso corresponde a dizer que não seguirá
o caminho da maior parte de seus
antecessores depois de deixar a
presidência do banco.
Sobre a alta dos juros de 22%
para 25%, definida pelo Copom
na quarta-feira, Armínio disse
que foi, "como sempre", uma decisão independente e técnica. "Foi
nossa última reunião, mas decidimos como se tivéssemos ainda 10,
20 ou 100 anos pela frente. Foi
uma decisão técnica, que julgamos ser a melhor para o país."
Ele fez questão de frisar que, como das vezes anteriores em que o
Copom aumentou os juros, não
ouviu o presidente Fernando
Henrique Cardoso como tampouco o sucessor, Lula.
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