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EM TRANSE
Diretor da instituição afirma que medida ampliaria confiança dos investidores e ajudaria no combate à inflação
FMI pede autonomia do BC "o quanto antes"
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
O FMI (Fundo Monetário Internacional) pediu ao governo eleito
que adote "o quanto antes" a autonomia operacional do BC para
fortalecer a luta contra a inflação.
Segundo o diretor-gerente da instituição, Horst Köhler, o ambiente econômico permanece "difícil", apesar de as condições do
mercado terem melhorado recentemente e o desempenho do acordo ter sido "exemplar" até agora.
"O futuro governo precisará
restaurar a confiança que, por sua
vez, permitirá a retomada do crescimento da produção de forma
compatível com o potencial considerável do Brasil", informa Köhler em nota divulgada ontem.
Na quarta-feira, o Fundo aprovou a primeira revisão de seu
acordo de US$ 30,7 bilhões com o
Brasil. "É esperado que a restauração da confiança levará a um
declínio da inflação ao longo dos
próximos meses. Nesse contexto,
o progresso, o quanto antes, da
discussão existente no Brasil para
assegurar a autonomia operacional do BC fornecerá um importante apoio ao aumento da credibilidade da política monetária",
informa a nota do diretor-gerente
do Fundo.
Köhler também elogiou o aumento da taxa de juros de 22% para 25%, adotado pelo Copom na
quarta-feira. Segundo ele, a decisão vai gerar confiança nos mercados. "O Banco Central respondeu proativamente ao recente aumento da inflação e das expectativas inflacionárias elevando as taxas de juros em outubro, novembro e ontem."
Pela primeira vez, a equipe do
presidente eleito, Luiz Inácio Lula
da Silva, interferiu, de alguma
maneira, na rotina do programa
do Brasil com o FMI. Um integrante da equipe do PT em Brasília informou que o diretor brasileiro no FMI, Murilo Portugal,
submeteu o texto da nota de Köhler ao futuro ministro da Fazenda, Antonio Palocci, antes de divulgá-la. Indagado pela Folha,
Portugal não quis falar sobre o assunto.
A nota de Köhler destaca que o
setor público precisará obter superávits primários fiscais (descontando o pagamento de vencimentos da dívida) suficientes para reduzir a relação dívida/PIB no
médio prazo. Informa ainda que,
para buscar o equilíbrio fiscal, será preciso acelerar as reformas estruturais pendentes -incluindo
a da Previdência e a tributária.
Segundo ele, essas reformas "facilitarão a obtenção dos superávits necessários e permitirão uma
reorientação dos gastos públicos,
em linha com as prioridades do
novo governo de combater a pobreza e a desigualdade social,
prioridades essas que têm o forte
apoio do Fundo".
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