São Paulo, sexta-feira, 20 de dezembro de 2002

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EM TRANSE

Diretor da instituição afirma que medida ampliaria confiança dos investidores e ajudaria no combate à inflação

FMI pede autonomia do BC "o quanto antes"

MARCIO AITH
DE WASHINGTON

O FMI (Fundo Monetário Internacional) pediu ao governo eleito que adote "o quanto antes" a autonomia operacional do BC para fortalecer a luta contra a inflação. Segundo o diretor-gerente da instituição, Horst Köhler, o ambiente econômico permanece "difícil", apesar de as condições do mercado terem melhorado recentemente e o desempenho do acordo ter sido "exemplar" até agora.
"O futuro governo precisará restaurar a confiança que, por sua vez, permitirá a retomada do crescimento da produção de forma compatível com o potencial considerável do Brasil", informa Köhler em nota divulgada ontem.
Na quarta-feira, o Fundo aprovou a primeira revisão de seu acordo de US$ 30,7 bilhões com o Brasil. "É esperado que a restauração da confiança levará a um declínio da inflação ao longo dos próximos meses. Nesse contexto, o progresso, o quanto antes, da discussão existente no Brasil para assegurar a autonomia operacional do BC fornecerá um importante apoio ao aumento da credibilidade da política monetária", informa a nota do diretor-gerente do Fundo.
Köhler também elogiou o aumento da taxa de juros de 22% para 25%, adotado pelo Copom na quarta-feira. Segundo ele, a decisão vai gerar confiança nos mercados. "O Banco Central respondeu proativamente ao recente aumento da inflação e das expectativas inflacionárias elevando as taxas de juros em outubro, novembro e ontem."
Pela primeira vez, a equipe do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, interferiu, de alguma maneira, na rotina do programa do Brasil com o FMI. Um integrante da equipe do PT em Brasília informou que o diretor brasileiro no FMI, Murilo Portugal, submeteu o texto da nota de Köhler ao futuro ministro da Fazenda, Antonio Palocci, antes de divulgá-la. Indagado pela Folha, Portugal não quis falar sobre o assunto.
A nota de Köhler destaca que o setor público precisará obter superávits primários fiscais (descontando o pagamento de vencimentos da dívida) suficientes para reduzir a relação dívida/PIB no médio prazo. Informa ainda que, para buscar o equilíbrio fiscal, será preciso acelerar as reformas estruturais pendentes -incluindo a da Previdência e a tributária.
Segundo ele, essas reformas "facilitarão a obtenção dos superávits necessários e permitirão uma reorientação dos gastos públicos, em linha com as prioridades do novo governo de combater a pobreza e a desigualdade social, prioridades essas que têm o forte apoio do Fundo".


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