DE WASHINGTON

O diretor brasileiro no FMI (Fundo Monetário Internacional), Murilo Portugal, disse ontem que, apesar dos alertas, o Fundo considera "exemplar" a condução da política econômica do atual governo.
A instituição também considera positivos os sinais da equipe econômica do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, que assumirá em janeiro. (MA)

Folha- Como o FMI avalia a condução de seu acordo com o Brasil?
Murilo Portugal - Houve reconhecimento generalizado do bom desempenho da economia, de que o governo eleito está emitindo os sinais corretos, palavras e ações para acalmar os mercados.
Também foram muito bem recebidas e comentadas as indicações dos dois nomes (Antonio Palocci, ministro da Fazenda, e Henrique Meirelles, presidente do BC) e a relação exemplar que estão tendo com o Congresso Nacional.

Folha - A nota divulgada ontem pelo FMI avalia que o clima econômico continua difícil no Brasil...
Portugal - Isso não é novidade. Houve uma melhora considerável depois das eleições, mas a situação continua difícil.

Folha - O Fundo está pedindo a institucionalização da independência do Banco Central o quanto antes. De que maneira esse assunto foi abordado na reunião sobre a revisão?
Portugal - Houve menções a pontos já conhecidos, com os quais a equipe eleita já se comprometeu publicamente. Além da autonomia do BC, falou-se também sobre a implementação de um superávit primário necessário para reduzir a relação dívida/PIB, a realização das reformas tributária e previdenciária e a reorientação das despesas para a área social, iniciativa que o FMI apóia.

Folha - Houve inquietação com relação à demora na institucionalização da independência do Banco Central?
Portugal - Não diria inquietação, já que a revisão do programa brasileiro foi aprovada e considerada exemplar. Esse é um assunto que requer reforma constitucional e a adoção de uma lei complementar. O Fundo está ciente disso.


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