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CONTAS EXTERNAS
Em 2001, elas conseguiram refinanciar 100% de seus vencimentos; em dezembro, taxa deve ser de 13%
Empresas rolam só 34% da dívida em 2002
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As empresas brasileiras ainda
enfrentam dificuldades para obter empréstimos no mercado financeiro internacional. Mesmo
passadas as eleições, o acesso do
setor privado ao crédito externo
continua limitado.
Neste mês, por exemplo, vence
US$ 1 bilhão em títulos emitidos
por empresas no mercado internacional. Desse valor, 13% devem
ser refinanciados. O restante terá
de ser quitado. Em 2001, o setor
privado renovou todos os papéis
que venceram no período.
Entre os bancos, a situação também é difícil. No mês passado, o
total de linhas de crédito externo
recebido pelas instituições financeiras somava US$ 15,369 bilhões,
recuo de 5% em relação ao número de outubro. No ano, a queda já
chega a 21%.
A dificuldade das empresas em
renovar sua dívida externa pressiona o câmbio: sem refinanciar
seus compromissos, o setor privado é obrigado a quitá-los, enviando dólares para fora do país.
Até pouco tempo atrás, as eleições presidenciais eram apontadas como o principal motivo para
a falta de crédito. Para os analistas, a possibilidade, confirmada
em outubro, de que um candidato
de oposição fosse eleito lançava
incertezas em relação ao futuro da
economia brasileira. Na dúvida,
muitos investidores estrangeiros
preferiam não colocar seu dinheiro no Brasil.
O que se vê agora é que, mesmo
encerrado o processo eleitoral, a
falta de crédito persiste e não há
sinais de que a situação vá melhorar em breve. "Não há nenhum sinal muito forte de recuperação",
afirma o chefe do Departamento
Econômico do Banco Central, Altamir Lopes.
Segundo ele, não se deve esperar, porém, uma redução ainda
maior nos empréstimos concedidos por bancos estrangeiros ao
Brasil. "Os números estão se estabilizando, mas num patamar baixo", diz.
Situação em 2001
No ano passado, as empresas
conseguiram renovar 100% dos
títulos lançados no exterior. Neste
ano, essa proporção deve ficar em
34%, de acordo com Lopes. Em
2003, espera-se uma ligeira recuperação, com a taxa de rolagem
devendo chegar a 50% na média
do ano.
A renovação de títulos da dívida
externa e o volume de crédito obtido pelos bancos que atuam no
Brasil são indicadores da confiança do mercado internacional no
país.
A situação só é um pouco melhor para empresas de maior porte, que conseguem seus empréstimos diretamente com os bancos
estrangeiros, em vez de apenas
negociar papéis de maneira pulverizada no mercado. Nessas
transação, a taxa de rolagem deve
ficar em 63% neste ano, podendo
chegar a 90% em 2003.
Nos três primeiros meses de
2003, início do mandato do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da
Silva, os vencimentos da dívida
externa sob responsabilidade do
setor privado chegam a US$ 2,618
bilhões, quase metade dos US$
4,718 bilhões vencidos em igual
período deste ano.
A própria redução na rolagem
da dívida explica a queda nesses
vencimentos. Como as empresas
tiveram dificuldades em obter
empréstimos no exterior neste
ano, o endividamento total caiu,
reduzindo também o volume de
parcelas a serem pagas em 2003.
No ano que vem, os compromissos do setor privado somam US$
17,285 bilhões, contra US$ 21,932
bilhões neste ano.
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