São Paulo, sexta-feira, 20 de dezembro de 2002

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CONTAS

Resultado foi conseguido graças à alta do dólar e à desaceleração da economia

Déficit externo é o menor desde 96

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pela primeira vez em mais de sete anos, o déficit em transações correntes -um dos principais indicadores da vulnerabilidade externa do país- ficou abaixo de 2% do PIB (Produto Interno Bruto), segundo dados do Banco Central. Nos últimos 12 meses, essa relação ficou em 1,98%, melhor resultado desde junho de 1996.
A forte redução do déficit externo é consequência da disparada do dólar, combinada à desaceleração da economia brasileira. Esses dois fatores, combinados, foram fundamentais para que a balança comercial atingisse, neste ano, um superávit recorde.
A conta de transações correntes é formada pela soma dos resultados da balança comercial (exportações menos importações), balança de serviços (gastos com juros e remessas de lucros para o exterior, entre outros) e transferências unilaterais (dinheiro enviado para o país por residentes no exterior, e vice-versa).

Balança comercial
Entre janeiro e novembro, a balança comercial registrou um superávit de US$ 11,326 bilhões -contra US$ 1,785 bilhão ocorrido no mesmo período do ano passado. Essa melhora no resultado foi impulsionada pela alta do dólar, que foi de 56,7% no mesmo período.
Com o real mais fraco, os produtos brasileiros ficam mais baratos, em dólar, no exterior. Isso eleva as exportações. No sentido inverso, a valorização do dólar deixa os produtos importados muito caros, e a procura por esses itens diminui.
Entre janeiro e novembro, as importações caíram 8,5% em relação ao mesmo período do ano passado. As exportações cresceram 2,3%.

Expectativa
Para este ano, o BC espera um superávit de US$ 12,5 bilhões para a balança comercial, o melhor resultado do governo Fernando Henrique Cardoso.
Isso faz com que o déficit em transações correntes registre uma forte queda. Em 2001, a proporção entre o déficit externo e o PIB ultrapassou os 5%. Para o BC, essa relação deve fechar o ano em 1,8%.
Quando um país apresenta déficit em transações correntes, é preciso obter dólares -por meio de empréstimos ou de investimentos externos- para cobrir esse desequilíbrio.
Por isso que esse indicador é tido como medida da vulnerabilidade externa: quanto maior o déficit, maior é a dependência dos dólares trazidos ao país por investidores estrangeiros.


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