São Paulo, quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

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Pequena empresa vê receita cair

Setor deve encerrar o ano com queda de 2,8% no faturamento, diz Sebrae-SP

Taxas de juros elevadas no início do ano, crise no setor agrícola e endividamento das famílias são as causas para o tombo em São Paulo


MARCELO SAKATE
DA REDAÇÃO

Apesar da recuperação nos últimos meses, as micro e pequenas empresas do Estado de São Paulo devem fechar o ano com queda real no faturamento de 2,8% em relação a 2005, segundo o Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). Até outubro, a perda era de 3%.
Será a primeira redução após dois anos de expansão -a alta fora de 1,9% em 2005. Para 2007, porém, a estimativa é a de um crescimento de 2%.
As elevadas taxas de juro, especialmente no início do ano, a crise na agropecuária, o endividamento das famílias e a concorrência com importados de preços baixos foram apontados pela entidade como os principais fatores para a queda.
"O primeiro semestre foi muito ruim para as MPE [micro e pequenas empresas]. Houve um período de desaquecimento da economia que começou no trimestre final de 2005", diz Marco Aurélio Bedê, coordenador do Observatório das MPE do Sebrae-SP.
Segundo Bedê, os efeitos do processo de corte na taxa básica de juros, iniciado em setembro de 2005, só começaram a ser sentidos no final do primeiro semestre. Outro empecilho é que a queda não foi totalmente repassada a empresas e consumidores, diz o diretor da entidade, José Luiz Ricca.
Entre os setores mais prejudicados estão as MPE do comércio no interior paulista e as de serviço da capital.
"A queda na remuneração do agricultor, por conta da crise do setor, gerou prejuízo na renda que circula no interior. E impactou as MPE do comércio", disse Bedê. De janeiro a outubro, a queda de tais empresas nessa área geográfica ficou em 4,6%, ante um tombo de 4% no comércio em todo o Estado.
Já as MPE de serviços na capital registraram faturamento 7,3% menor nos dez primeiros meses do ano, ante uma redução de 3,9% no total do Estado.
A principal causa foi o endividamento da população com bens de consumo duráveis (produzidos por médias e grandes empresas), o que comprometeu os gastos das famílias com lazer, por exemplo.
Na segunda metade do ano, fatores como a melhora do rendimento do trabalhador, devido, por exemplo, ao período de dissídios, e a redução dos juros a níveis menores possibilitaram a recuperação das MPE.
É o que permitirá às empresas encerrar o ano com alta de 0,4% no pessoal ocupado e o que explica a projeção positiva para 2007, afirma Bedê.


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