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MERCADO
Recursos captados por empresas brasileiras atingem US$ 23,7 bi em 2003; juros altos no país são uma das razões para isso
Empréstimo privado no exterior cresce 156%
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O montante de recursos captados por empresas brasileiras no
mercado internacional alcançou
os US$ 23,7 bilhões em 2003, melhor ano desde 2000. Esse volume representou um crescimento
de 156% em relação ao resultado
obtido em 2002. Os dados foram
levantados pela Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento).
Alguns tópicos explicam a melhora da performance do setor
privado, especialmente a abundante liquidez do mercado externo e a melhora de indicadores
econômicos do Brasil.
Por outro lado, o volume de
captações de recursos no mercado interno (obtidos principalmente pela emissão de debêntures, notas promissórias e ações)
teve queda de 57% sobre 2002, ficando em R$ 11,2 bilhões. Esse
foi o pior resultado desde 1997,
segundo ranking da Anbid.
A maior facilidade para captar
lá fora associada às altas taxas de
juros praticadas no ano passado
ajudam a entender o resultado,
na avaliação de analistas.
"Neste ano, com juros internos
menores e a necessidade maior
de as empresas conseguirem investimentos, decorrente do crescimento econômico esperado, o
mercado interno vai ganhar fôlego. O lançamento de debêntures
deve crescer nos próximos meses", avalia Eduardo Rezende,
diretor de investimentos da Mellon Global Investments.
Uma das formas de os setores
público e privado conseguirem capital para investir é captando recursos no exterior. Esse tipo de
operação financeira é realizada
por meio da emissão de títulos:
normalmente, bancos e fundos
compram esses papéis, que pagam
juros e são resgatados após determinado período.
Para Guilherme da Nóbrega,
economista-chefe do banco Fibra,
"2004 segue como um ano muito
bom para as empresas brasileiras
captarem recursos no exterior".
Para o economista, "talvez esse seja o melhor momento".
Prazos melhores
Neste mês, cerca de US$ 1,8 bilhão já foi captado no mercado externo por empresas e bancos brasileiros. A maior captação privada
fechada neste ano foi da Companhia Vale do Rio Doce. A empresa
conseguiu US$ 500 milhões por
meio da emissão de eurobônus,
com prazo de vencimento de 30
anos.
Com o cenário melhor, as empresas brasileiras conseguiram no
ano passado emitir papéis com
prazos de resgate maiores. A participação das captações feitas por
meio de títulos de curto prazo recuou de 15% em 2001 para 1,58%
no ano passado.
Sobe-e-desce
A oscilação do risco-país brasileiro tem reflexos na maior ou menor facilidade para a obtenção de
empréstimos no mercado internacional.
Em 2002, quando o risco Brasil
superou os 2.400 pontos (no mês
de setembro), o mercado externo
se fechou: apenas grandes empresas conseguiam realizar operações, com prazos menores e taxas
altíssimas.
No ano passado, em que houve
uma melhora substancial (tanto
em volume quanto em prazos e taxas) nas operações fechadas por
companhias e bancos brasileiros,
o risco-país caiu consideravelmente, chegando ao fim de 2003
aos 477 pontos.
Quanto mais alto o risco-país,
maior a expectativa de que um governo possa vir a dar calote em
suas obrigações. E ninguém quer
emprestar a um país (ou empresas
dele) que pode deixar de pagar
suas dívidas a qualquer momento.
Fôlego
"Se houver o crescimento econômico esperado pelo governo e
pelo mercado neste ano, as empresas vão necessitar de muitos recursos extras para investirem", diz
Rezende. "Empresas que não têm
hedge [proteção contra oscilações
da moeda] natural, como as exportadoras, vão buscar com maior
interesse o mercado interno",
completa.
Com a queda da taxa básica de
juros (Selic), o cenário para o mercado interno de emissões melhora. É que a taxa Selic serve de parâmetro para as operações realizadas no mercado financeiro. Se essa
taxa sobe muito, as operações tendem a ficar mais caras.
A taxa básica está hoje em 16,5%
anuais. O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central
anuncia no início da noite de hoje
como ficarão os juros básicos da
economia.
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