São Paulo, quarta-feira, 21 de janeiro de 2004

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Bovespa fecha 2003 "valendo" US$ 235 bi

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

A Bolsa de Valores de São Paulo encerrou 2003 com o valor de mercado de US$ 235 bilhões. Embora tenha aumentado a participação entre as 33 principais Bolsas mundiais, a Bovespa representa ainda menos de 1% do valor mundial de mercado das Bolsas.
A Bovespa manteve no ano passado a condição de maior Bolsa da América Latina, segundo ranking da consultoria Global Invest. A bolsa paulista avançou do 18º para o 17º posto entre as 33 instituições presentes na lista.
Segunda mais importante da América Latina, a Bolsa da Cidade do México ocupa o 21º posto, com valor estimado em US$ 123 bilhões. O valor de mercado da Bolsa chilena alcança US$ 87 bilhões (26º lugar) e o da Argentina US$ 35 bilhões (32º entre as 33).
Embora a escalada em termos de posicionamento não tenha sido significativa, a Bovespa registrou em 2003 considerável recuperação de seu valor de mercado: em dezembro de 2002, este não superava os US$ 127 bilhões -parte devido à depreciação das ações e, grande parte, por conta da desvalorização do real diante do dólar. Em um ano, de 2002 para 2003, a Bolsa paulista aumentou em 85% seu valor em dólares. A valorização das ações, medidas pelo Ibovespa, foi de 141,8% no mesmo período.
Para calcular o valor de mercado da Bolsa apura-se o número de ações de cada empresa que são negociadas em determinada Bolsa e multiplica-se pela cotação (preço) desses papéis no último dia do ano. Em seguida, converte-se os resultados em dólares.
Primeira no ranking mundial, a Bolsa de Nova York teve valor de mercado calculado em US$ 11,329 trilhões em 31 de dezembro passado. Representa mais que três vezes o valor de mercado da segunda, a Bolsa de Tóquio, no Japão, com US$ 2,844 trilhões.
Coube à de Bancoc (Tailândia) apresentar a maior valorização entre as Bolsas analisadas em 2003: 161,6% -de US$ 46 bilhões para US$ 119 bilhões. A de Buenos Aires viu seu valor de mercado subir 111% no ano passado -depois do tombo em 2002, com a fuga de investidores provocada pela crise econômica.
A despeito da recuperação, o valor de mercado da Bovespa permaneceu inferior ao de países com economias menores que a brasileira. Tome-se o exemplo da África do Sul. De acordo com o Banco Mundial, o PIB (Produto Interno Bruto) da África do Sul (em 2002, dados mais recentes) chega a US$ 104,2 bilhões, ou um quarto do PIB brasileiro naquele ano (US$ 452,4 bilhões). Mas eram 411 as empresas com ações cotadas na Bolsa de Johannesburgo ao final de 2003 -ante 369 empresas com papéis negociados na Bovespa. O valor de mercado da Bolsa sul-africana é de US$ 261 bilhões -ele era US$ 182 bilhões em 2002.
Outro exemplo, a Bolsa de Estocolmo (Suécia) registrava giro diário de US$ 1,42 bilhão em dezembro passado. O volume médio diário movimentado pela Bovespa no mesmo período ficou em US$ 410 milhões. Para efeito de comparação entre as duas economias: o PIB sueco de 2002 somou US$ 229,8 bilhões -metade do brasileiro-, mas o país tem mais de 400 empresas na Bolsa.
Na Bolsa de Nova York, o volume médio movimentado diariamente em dezembro chegava a assombrosos US$ 38,93 bilhões.
"No Brasil, por conta dos juros altos, as empresas não captam recursos via Bolsa de Valores, acabam preferindo outras alternativas, como tentar empréstimos no BNDES", diz Paulo Gomes, analista da Global Invest. "Os investidores, principalmente pessoas físicas, exceto em momentos de euforia como o de agora, pensam: "Para que vou correr risco na Bolsa se posso ter retorno em outro tipo de aplicação?" Isso coloca as empresas em uma situação que, se for para lançar papéis, terão que fazer com valores baixos."
Gomes lembra que muitos dos grandes grupos econômicos do país ainda têm estrutura familiar, como a Votorantim, e preferem manter a maior parte de suas empresas com capital fechado.


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