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Bovespa fecha 2003 "valendo" US$ 235 bi
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Bolsa de Valores de São Paulo
encerrou 2003 com o valor de
mercado de US$ 235 bilhões. Embora tenha aumentado a participação entre as 33 principais Bolsas mundiais, a Bovespa representa ainda menos de 1% do valor
mundial de mercado das Bolsas.
A Bovespa manteve no ano passado a condição de maior Bolsa
da América Latina, segundo ranking da consultoria Global Invest.
A bolsa paulista avançou do 18º
para o 17º posto entre as 33 instituições presentes na lista.
Segunda mais importante da
América Latina, a Bolsa da Cidade
do México ocupa o 21º posto, com
valor estimado em US$ 123 bilhões. O valor de mercado da Bolsa chilena alcança US$ 87 bilhões
(26º lugar) e o da Argentina US$
35 bilhões (32º entre as 33).
Embora a escalada em termos
de posicionamento não tenha sido significativa, a Bovespa registrou em 2003 considerável recuperação de seu valor de mercado:
em dezembro de 2002, este não
superava os US$ 127 bilhões
-parte devido à depreciação das
ações e, grande parte, por conta
da desvalorização do real diante
do dólar. Em um ano, de 2002 para 2003, a Bolsa paulista aumentou em 85% seu valor em dólares.
A valorização das ações, medidas
pelo Ibovespa, foi de 141,8% no
mesmo período.
Para calcular o valor de mercado da Bolsa apura-se o número de
ações de cada empresa que são
negociadas em determinada Bolsa e multiplica-se pela cotação
(preço) desses papéis no último
dia do ano. Em seguida, converte-se os resultados em dólares.
Primeira no ranking mundial, a
Bolsa de Nova York teve valor de
mercado calculado em US$ 11,329
trilhões em 31 de dezembro passado. Representa mais que três
vezes o valor de mercado da segunda, a Bolsa de Tóquio, no Japão, com US$ 2,844 trilhões.
Coube à de Bancoc (Tailândia)
apresentar a maior valorização
entre as Bolsas analisadas em
2003: 161,6% -de US$ 46 bilhões
para US$ 119 bilhões. A de Buenos
Aires viu seu valor de mercado
subir 111% no ano passado -depois do tombo em 2002, com a fuga de investidores provocada pela
crise econômica.
A despeito da recuperação, o
valor de mercado da Bovespa permaneceu inferior ao de países
com economias menores que a
brasileira. Tome-se o exemplo da
África do Sul. De acordo com o
Banco Mundial, o PIB (Produto
Interno Bruto) da África do Sul
(em 2002, dados mais recentes)
chega a US$ 104,2 bilhões, ou um
quarto do PIB brasileiro naquele
ano (US$ 452,4 bilhões). Mas
eram 411 as empresas com ações
cotadas na Bolsa de Johannesburgo ao final de 2003 -ante 369
empresas com papéis negociados
na Bovespa. O valor de mercado
da Bolsa sul-africana é de US$ 261
bilhões -ele era US$ 182 bilhões
em 2002.
Outro exemplo, a Bolsa de Estocolmo (Suécia) registrava giro
diário de US$ 1,42 bilhão em dezembro passado. O volume médio diário movimentado pela Bovespa no mesmo período ficou
em US$ 410 milhões. Para efeito
de comparação entre as duas economias: o PIB sueco de 2002 somou US$ 229,8 bilhões -metade
do brasileiro-, mas o país tem
mais de 400 empresas na Bolsa.
Na Bolsa de Nova York, o volume médio movimentado diariamente em dezembro chegava a
assombrosos US$ 38,93 bilhões.
"No Brasil, por conta dos juros
altos, as empresas não captam recursos via Bolsa de Valores, acabam preferindo outras alternativas, como tentar empréstimos no
BNDES", diz Paulo Gomes, analista da Global Invest. "Os investidores, principalmente pessoas físicas, exceto em momentos de euforia como o de agora, pensam:
"Para que vou correr risco na Bolsa se posso ter retorno em outro
tipo de aplicação?" Isso coloca as
empresas em uma situação que,
se for para lançar papéis, terão
que fazer com valores baixos."
Gomes lembra que muitos dos
grandes grupos econômicos do
país ainda têm estrutura familiar,
como a Votorantim, e preferem
manter a maior parte de suas empresas com capital fechado.
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