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PALPITE EXTERNO
Tesouro afirma que governo ainda "não mostrou resultados"
Brasil precisa de medidas para crescer, dizem EUA
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
Representantes do governo dos
EUA fizeram ontem críticas às
políticas econômica e comercial
do Brasil. O subsecretário do Tesouro norte-americano, John
Taylor, afirmou em Washington
que o governo do PT ainda "não
mostrou resultados" em relação
às expectativas de crescimento do
Brasil e que o país ainda "tem
muito trabalho pela frente".
"A política econômica do Brasil
está focada apenas no controle de
gastos. O que o país precisa é de
outras medidas que façam a economia crescer, com empregos e
de forma sustentada", afirmou.
Na seqüência, seu colega Christopher Padilla, representante do
Departamento de Comércio norte-americano, afirmou que o Brasil deve considerar "direitos e
obrigações" nas negociações da
Alca (Área de Livre Comércio das
Américas). Segundo ele, o país só
será beneficiado pelos Estados
Unidos no bloco se "aceitar um
comprometimento maior de responsabilidades".
As cobranças dos dois funcionários do governo norte-americano foram feitas diante de uma platéia de cerca de 70 empresários
norte-americanos e brasileiros
durante almoço na Câmara de
Comércio dos EUA.
Do lado americano, participaram empresas como a General
Motors e Kodak. Do brasileiro,
companhias como a OAS, Embraer e consultorias.
"Os senhores presentes deveriam ajudar a evitar posições
ideológicas [em relação à Alca]
que nada têm a ver com o dia-a-dia próprio do mundo dos negócios", disse aos empresários o representante do Departamento de
Comércio dos EUA.
Primeiro estágio
Mas foi o subsecretário do Tesouro quem fez as críticas mais
pontuais à política econômica
brasileira.
Taylor afirmou que o Brasil
conseguiu até agora implementar
"apenas o primeiro estágio" das
políticas necessárias.
"As medidas para acabar com o
sobe-e-desce das expectativas tiveram um efeito dramático, a inflação foi controlada e os juros
baixaram. Mas ainda não vimos o
segundo estágio. Não vimos o
crescimento, que poderia ser
muito maior do que vem sendo
previsto", disse Taylor.
"O potencial brasileiro, em termos de produtividade e desenvolvimento, é imenso. Mas é preciso
muito trabalho para conquistar
isso."
Regulamentação
O subsecretário do Tesouro dos
EUA reclamou de "problemas na
área de regulamentação" no Brasil e afirmou que um dos principais obstáculos no país é a falta de
acesso a crédito por parte de pequenas e médias empresas.
Taylor faz parte do chamado
"Grupo para o crescimento" formado entre Brasil e EUA após a
visita do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva à Casa Branca, em
junho passado.
Defesa
Presente ao mesmo evento, o representante do Brasil no Banco
Mundial e ex-secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Otaviano Canuto,
defendeu as políticas brasileiras e
disse que o país espera um crescimento de até 4% neste ano.
Canuto reconheceu, no entanto,
que os números da produção industrial brasileira não mostraram, até agora, recuperação.
"As políticas vêm dando certo, e
há uma série de outros indicadores que mostram uma retomada.
E ela será forte. O Brasil vai bem, e
não é apenas pelo resultado de
um cenário internacional melhor", afirmou Canuto.
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