São Paulo, quarta-feira, 21 de janeiro de 2004

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Polícia Federal vai investigar as ações da multinacional no Brasil

ANDRÉA MICHAEL
LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Federal vai investigar a atuação da Parmalat no Brasil. O inquérito será instaurado assim que o órgão definir uma sede para a condução do trabalho, pois o grupo atuava em diferentes regiões do país.
Fundamental na decisão será mapear em que praça houve movimentação mais expressiva de recursos, informou o diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, por meio de sua assessoria de imprensa.
O gabinete de Lacerda foi contatado ontem à tarde pelo senador Romeu Tuma (PFL-SP), que em discurso no plenário do Senado anunciou tratativas em várias frentes "para evitar que o Brasil não fique a reboque das investigações, que hoje estão sendo conduzidas pelas autoridades italianas".
Tuma pediu a Lacerda a instauração de inquérito para investigar a Parmalat, que, conforme depoimento de um de seus principais contadores, Gianfranco Bocchi, teria remetido "um saco de dinheiro" para a empresa Carital, ligada ao grupo e sediada no Brasil.
Lacerda disse, também por meio de sua assessoria, que ainda não havia recebido um pedido formal do senador, mas que certamente o pleito dá maior força à instauração do inquérito relacionado à Parmalat.
O senador enviou ao Ministério da Fazenda um ofício pedindo informações sobre remessas de R$ 198 milhões feitas no ano passado pela Parmalat brasileira para socorrer a matriz na Itália e coligadas na América do Sul.
"Precisamos saber com urgência se isso foi correto, se foi declarado, porque há fornecedores brasileiros que ficaram sem ver a cor do dinheiro que lhes é devido", declarou Tuma.
Um levantamento feito pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Banestado, que investiga prática de crimes de evasão de divisas, divulgado pela Folha no último domingo, revelou que a Parmalat remeteu R$ 583,3 milhões, entre 1996 e 2002, para uma coligada uruguaia chamada Wishaw, também citada no depoimento do contador às autoridades italianas.

Câmara
A Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados irá montar uma subcomissão de fiscalização e controle para verificar a atual situação da Parmalat no Brasil. O deputado Waldemir Moka (PMDB-MS), presidente da comissão, afirmou que a subcomissão pode entrar em funcionamento já a partir de hoje.
A decisão foi tomada ontem após uma reunião entre deputados e representantes do governo e do setor leiteiro do país, que está sendo afetado pela crise da Parmalat. O encontro foi organizado, disse Moka, porque os deputados, que voltaram de recesso na segunda-feira, conheciam apenas as realidades de seus respectivos Estados. A reunião visou dar um panorama nacional sobre o tema.
A crise da empresa pode agravar a situação do mercado de leite do país, que está no auge de sua safra -1,2 bilhão de litros de leite da produção (9%) não estão sendo absorvidos pelo mercado e 10% do fornecedores estão recebendo abaixo do preço mínimo de mercado (R$ 0,38 por litro).
Segundo Moka, a subcomissão não será uma CPI, mas terá poderes para pedir documentos, por exemplo. "Queremos saber quanto de dinheiro do BNDES e do Banco do Brasil tem dentro da Parmalat. Isso é uma questão que deve ser colocada. Qual é o patrimônio da Parmalat?"


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