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Polícia Federal vai investigar as ações da multinacional no Brasil
ANDRÉA MICHAEL
LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal vai investigar a
atuação da Parmalat no Brasil. O
inquérito será instaurado assim
que o órgão definir uma sede para
a condução do trabalho, pois o
grupo atuava em diferentes regiões do país.
Fundamental na decisão será
mapear em que praça houve movimentação mais expressiva de
recursos, informou o diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, por meio
de sua assessoria de imprensa.
O gabinete de Lacerda foi contatado ontem à tarde pelo senador
Romeu Tuma (PFL-SP), que em
discurso no plenário do Senado
anunciou tratativas em várias
frentes "para evitar que o Brasil
não fique a reboque das investigações, que hoje estão sendo conduzidas pelas autoridades italianas".
Tuma pediu a Lacerda a instauração de inquérito para investigar
a Parmalat, que, conforme depoimento de um de seus principais
contadores, Gianfranco Bocchi,
teria remetido "um saco de dinheiro" para a empresa Carital, ligada ao grupo e sediada no Brasil.
Lacerda disse, também por
meio de sua assessoria, que ainda
não havia recebido um pedido
formal do senador, mas que certamente o pleito dá maior força à
instauração do inquérito relacionado à Parmalat.
O senador enviou ao Ministério
da Fazenda um ofício pedindo informações sobre remessas de R$
198 milhões feitas no ano passado
pela Parmalat brasileira para socorrer a matriz na Itália e coligadas na América do Sul.
"Precisamos saber com urgência se isso foi correto, se foi declarado, porque há fornecedores
brasileiros que ficaram sem ver a
cor do dinheiro que lhes é devido", declarou Tuma.
Um levantamento feito pela CPI
(Comissão Parlamentar de Inquérito) do Banestado, que investiga prática de crimes de evasão
de divisas, divulgado pela Folha
no último domingo, revelou que a
Parmalat remeteu R$ 583,3 milhões, entre 1996 e 2002, para uma
coligada uruguaia chamada Wishaw, também citada no depoimento do contador às autoridades italianas.
Câmara
A Comissão de Agricultura da
Câmara dos Deputados irá montar uma subcomissão de fiscalização e controle para verificar a
atual situação da Parmalat no
Brasil. O deputado Waldemir
Moka (PMDB-MS), presidente da
comissão, afirmou que a subcomissão pode entrar em funcionamento já a partir de hoje.
A decisão foi tomada ontem
após uma reunião entre deputados e representantes do governo e
do setor leiteiro do país, que está
sendo afetado pela crise da Parmalat. O encontro foi organizado,
disse Moka, porque os deputados,
que voltaram de recesso na segunda-feira, conheciam apenas as
realidades de seus respectivos Estados. A reunião visou dar um panorama nacional sobre o tema.
A crise da empresa pode agravar a situação do mercado de leite
do país, que está no auge de sua
safra -1,2 bilhão de litros de leite
da produção (9%) não estão sendo absorvidos pelo mercado e
10% do fornecedores estão recebendo abaixo do preço mínimo
de mercado (R$ 0,38 por litro).
Segundo Moka, a subcomissão
não será uma CPI, mas terá poderes para pedir documentos, por
exemplo. "Queremos saber quanto de dinheiro do BNDES e do
Banco do Brasil tem dentro da
Parmalat. Isso é uma questão que
deve ser colocada. Qual é o patrimônio da Parmalat?"
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