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Cooperativas do Rio interrompem fornecimento de leite à empresa
ANA PAULA GRABOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Onze cooperativas produtoras
de leite do Estado do Rio de Janeiro decidiram interromper a partir
de hoje o fornecimento à fábrica
da Parmalat em Itaperuna (município a 365 km do Rio, no noroeste fluminense), vendendo o leite à
Nestlé e à Danone.
A Parmalat tem uma dívida de
R$ 1,84 milhão com cinco dessas
11 cooperativas e vem atrasando
pagamentos aos produtores de
leite do país depois que estourou
o escândalo financeiro em sua sede, na Itália.
"Sem o pagamento, a fábrica de
Itaperuna pára em 48 horas", afirmou o presidente da Faerj (Federação de Agricultura do Estado do
Rio de Janeiro), Rodolfo Tavares,
representante das cooperativas.
A produção das 11 cooperativas
corresponde a 450 mil litros diários de leite. Cada uma das novas
compradoras deve ficar com cerca de 180 mil litros por dia. O restante será vendido diretamente
pelas cooperativas. Tavares disse
haver a possibilidade de a Itambé
também comprar o leite.
Do total de 1,2 bilhão de litros
comprados pela multinacional no
Brasil em 2003, apenas 96 milhões
de litros foram vendidos pelas
cooperativas fornecedoras da
unidade de Itaperuna.
Entretanto essas cooperativas
forneciam cerca de 80% de sua
produção à Parmalat.
Desconto
A "ajuda" das duas grandes do
setor leiteiro aos produtores fluminenses teve um custo- o leite
foi negociado a um preço 10% inferior ao valor atual.
A principal razão são os encargos com o frete do produto, pois
as unidades de beneficiamento de
leite das duas companhias são
mais distantes das áreas de produção.
De acordo com o presidente da
Faerj, a compra do leite pela Nestlé e pela Danone envolve uma estratégia das duas empresas para
adquirir a unidade de Itaperuna.
Segundo ele, trata-se de um dos
negócios mais rentáveis da empresa italiana no Brasil.
A Parmalat depositou o que devia às cooperativas fluminenses
(R$ 6,7 milhões) e a outros fornecedores. No entanto, o Banco do
Brasil reteve parte do depósito.
Segundo a Parmalat, o Banco do
Brasil bloqueou R$ 7 milhões para
o pagamento de juros de empréstimos feitos pelo banco à empresa.
Anteontem, a Parmalat conseguiu na 28ª Vara Cível da Justiça
de São Paulo uma liminar para
desbloquear o montante retido
pelo Banco do Brasil. Mesmo assim, o dinheiro não chegou às
cooperativas fluminenses.
A Parmalat não soube explicar a
razão. O Banco do Brasil informou que não vai se pronunciar
sobre o assunto.
Na mesma situação estão os
produtores de leite de Goiás, que
têm a receber R$ 6 milhões da
Parmalat. A empresa informou
não haver previsão de pagamento
para tais produtores.
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