São Paulo, quarta-feira, 21 de janeiro de 2004

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Cooperativas do Rio interrompem fornecimento de leite à empresa

ANA PAULA GRABOIS
DA SUCURSAL DO RIO

Onze cooperativas produtoras de leite do Estado do Rio de Janeiro decidiram interromper a partir de hoje o fornecimento à fábrica da Parmalat em Itaperuna (município a 365 km do Rio, no noroeste fluminense), vendendo o leite à Nestlé e à Danone.
A Parmalat tem uma dívida de R$ 1,84 milhão com cinco dessas 11 cooperativas e vem atrasando pagamentos aos produtores de leite do país depois que estourou o escândalo financeiro em sua sede, na Itália.
"Sem o pagamento, a fábrica de Itaperuna pára em 48 horas", afirmou o presidente da Faerj (Federação de Agricultura do Estado do Rio de Janeiro), Rodolfo Tavares, representante das cooperativas.
A produção das 11 cooperativas corresponde a 450 mil litros diários de leite. Cada uma das novas compradoras deve ficar com cerca de 180 mil litros por dia. O restante será vendido diretamente pelas cooperativas. Tavares disse haver a possibilidade de a Itambé também comprar o leite.
Do total de 1,2 bilhão de litros comprados pela multinacional no Brasil em 2003, apenas 96 milhões de litros foram vendidos pelas cooperativas fornecedoras da unidade de Itaperuna.
Entretanto essas cooperativas forneciam cerca de 80% de sua produção à Parmalat.

Desconto
A "ajuda" das duas grandes do setor leiteiro aos produtores fluminenses teve um custo- o leite foi negociado a um preço 10% inferior ao valor atual.
A principal razão são os encargos com o frete do produto, pois as unidades de beneficiamento de leite das duas companhias são mais distantes das áreas de produção.
De acordo com o presidente da Faerj, a compra do leite pela Nestlé e pela Danone envolve uma estratégia das duas empresas para adquirir a unidade de Itaperuna. Segundo ele, trata-se de um dos negócios mais rentáveis da empresa italiana no Brasil.
A Parmalat depositou o que devia às cooperativas fluminenses (R$ 6,7 milhões) e a outros fornecedores. No entanto, o Banco do Brasil reteve parte do depósito.
Segundo a Parmalat, o Banco do Brasil bloqueou R$ 7 milhões para o pagamento de juros de empréstimos feitos pelo banco à empresa.
Anteontem, a Parmalat conseguiu na 28ª Vara Cível da Justiça de São Paulo uma liminar para desbloquear o montante retido pelo Banco do Brasil. Mesmo assim, o dinheiro não chegou às cooperativas fluminenses.
A Parmalat não soube explicar a razão. O Banco do Brasil informou que não vai se pronunciar sobre o assunto.
Na mesma situação estão os produtores de leite de Goiás, que têm a receber R$ 6 milhões da Parmalat. A empresa informou não haver previsão de pagamento para tais produtores.


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