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Banco diz evitar que empresas se "espatifem"
GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA
Uma semana após a venda de
parte do Banco Votorantim ao
Banco do Brasil, o grupo Votorantim volta a fechar um negócio importante com a ajuda do
governo. Desta vez, o BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)
poderá colocar até R$ 2,4 bilhões na operação de compra
da Aracruz pela VCP.
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, afirmou que o
papel do banco, ao ajudar a concretização do negócio, foi principalmente evitar que a Aracruz se transformasse num alvo fácil das grandes empresas
internacionais do setor. Uma
das maiores fábricas de papel
do mundo, a finlandesa Stora
Enzo, já estava preparando
uma proposta para a Aracruz.
"Não podemos ficar de braços cruzados e deixar as empresas se estourarem", diz Coutinho. "Em vez de deixar as empresas brasileiras se espatifarem, o nosso objetivo é que elas
tenham um papel afirmativo
no contexto global."
Segundo Luciano Coutinho,
além disso, essa operação do
BNDES sustenta o projeto de
expansão da empresa e mantém a criação prevista de empregos para os próximos anos.
Se não fosse fechada a operação, ou a Aracruz seria vendida
a um grupo estrangeiro ou teria
de encolher substancialmente.
"Todos os investimentos já
tinham sido suspensos, e os
planos são bastante ambiciosos", diz Coutinho.
O Votorantim, por seu lado,
diz que as operações de venda
do banco e de compra da Aracruz são independentes e a entrada do BNDES não foi causada por qualquer problema financeiro do grupo.
"Discutimos a compra da
Aracruz há dois anos e a participação do BNDES acontece no
sentido de estímulo à consolidação de um setor, do mesmo
jeito que já aconteceu em outros", diz Raul Calfat, diretor-geral da VDI (Votorantim Industrial). "Um país é forte à
medida que tem grandes empresas."
Segundo Calfat, o grupo tem
em caixa R$ 9 bilhões e não
atravessa qualquer tipo de dificuldades, apesar de ter reconhecido perdas com operações
financeiras atreladas ao câmbio de R$ 2,2 bilhões. "Os recursos obtidos com a venda do
Banco Votorantim não serão
usados na operação da compra
da Aracruz", afirma Calfat.
O fortalecimento do capital
nacional tem sido uma das
marcas registradas de Luciano
Coutinho à frente do BNDES.
Foi sob sua égide, por exemplo,
que foi costurada a operação de
compra da Brasil Telecom pela
Oi. O BNDES foi um dos grandes financiadores do negócio.
Segundo Coutinho, há outras
operações em curso, mas ele
prefere não citar quais são para
não atrapalhar os negócios. Ele
diz apenas que há outras conversas em ritmo bem avançado.
"Do limão vamos fazer uma
limonada", afirma.
Colaborou a Reportagem Local
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