São Paulo, quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

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Banco diz evitar que empresas se "espatifem"

GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA

Uma semana após a venda de parte do Banco Votorantim ao Banco do Brasil, o grupo Votorantim volta a fechar um negócio importante com a ajuda do governo. Desta vez, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) poderá colocar até R$ 2,4 bilhões na operação de compra da Aracruz pela VCP.
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, afirmou que o papel do banco, ao ajudar a concretização do negócio, foi principalmente evitar que a Aracruz se transformasse num alvo fácil das grandes empresas internacionais do setor. Uma das maiores fábricas de papel do mundo, a finlandesa Stora Enzo, já estava preparando uma proposta para a Aracruz.
"Não podemos ficar de braços cruzados e deixar as empresas se estourarem", diz Coutinho. "Em vez de deixar as empresas brasileiras se espatifarem, o nosso objetivo é que elas tenham um papel afirmativo no contexto global."
Segundo Luciano Coutinho, além disso, essa operação do BNDES sustenta o projeto de expansão da empresa e mantém a criação prevista de empregos para os próximos anos. Se não fosse fechada a operação, ou a Aracruz seria vendida a um grupo estrangeiro ou teria de encolher substancialmente.
"Todos os investimentos já tinham sido suspensos, e os planos são bastante ambiciosos", diz Coutinho.
O Votorantim, por seu lado, diz que as operações de venda do banco e de compra da Aracruz são independentes e a entrada do BNDES não foi causada por qualquer problema financeiro do grupo.
"Discutimos a compra da Aracruz há dois anos e a participação do BNDES acontece no sentido de estímulo à consolidação de um setor, do mesmo jeito que já aconteceu em outros", diz Raul Calfat, diretor-geral da VDI (Votorantim Industrial). "Um país é forte à medida que tem grandes empresas."
Segundo Calfat, o grupo tem em caixa R$ 9 bilhões e não atravessa qualquer tipo de dificuldades, apesar de ter reconhecido perdas com operações financeiras atreladas ao câmbio de R$ 2,2 bilhões. "Os recursos obtidos com a venda do Banco Votorantim não serão usados na operação da compra da Aracruz", afirma Calfat.
O fortalecimento do capital nacional tem sido uma das marcas registradas de Luciano Coutinho à frente do BNDES. Foi sob sua égide, por exemplo, que foi costurada a operação de compra da Brasil Telecom pela Oi. O BNDES foi um dos grandes financiadores do negócio.
Segundo Coutinho, há outras operações em curso, mas ele prefere não citar quais são para não atrapalhar os negócios. Ele diz apenas que há outras conversas em ritmo bem avançado.
"Do limão vamos fazer uma limonada", afirma.


Colaborou a Reportagem Local


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