São Paulo, quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

China reduz em 22% limite de empréstimos para 2010

Governo teme bolha nos mercados imobiliário e acionário e alta da inflação

Apesar de inferior à de 2009, meta para 2010 prevê quase o dobro de empréstimos em relação ao patamar de 2008, antes do pacote de estímulo


RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM

O governo chinês estipulou um limite para a concessão de crédito neste ano 22% menor que no ano passado, confirmando a desaceleração nos empréstimos que foram a tônica da recuperação chinesa.
Os freios no crédito começam a ser utilizados depois de uma série de boas notícias sobre a retomada da economia chinesa. Analistas afirmam que o crescimento do PIB chinês no último trimestre de 2009, dado que será divulgado nesta quinta-feira em Pequim, tenha superado os 10% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
O final de 2008 foi um dos piores períodos da economia chinesa na década, com quedas nas exportações para seus principais mercados e queda no mercado imobiliário.
As exportações cresceram em dezembro 17,7% em relação ao mesmo mês de 2008, depois de 13 meses em queda.
Em um seminário em Hong Kong, o presidente da Comissão Regulatória dos Bancos da China, Liu Mingkang, disse que os empréstimos em 2010 devem chegar a 7,5 trilhões de yuans (R$ 1,875 trilhões), 22% menos que os 10 trilhões de yuans (R$ 2,5 trilhões, ou 90% do PIB brasileiro) concedidos no ano passado.
O governo teme que o aquecimento da economia chinesa esteja criando bolhas nos mercados acionário e imobiliário, além de poder provocar o retorno da inflação. Apesar da desaceleração, a meta é ainda quase duas vezes os cerca de 4 trilhões de yuans concedidos em 2008, antes do pacote de estímulo da economia chinesa.
Liu disse que a Comissão Regulatória estava monitorando atentamente os empréstimos a empreiteiras e a governos locais. "Todos os bancos receberam a ordem de aumentar a vigilância contra créditos de risco", afirmou.
As Bolsas de Valores chinesas caíram depois do anúncio. O índice de Xangai caiu 2,9% e o de Hong Kong, 1,8%. Ações de grandes bancos estatais chineses, como o Banco da China e o Banco da Construção, caíram 3,4% e 3,1%, respectivamente, na Bolsa de Hong Kong.
A concessão de crédito na primeira semana de janeiro, de 600 bilhões de yuans (R$ 150 bilhões), foi mais elevada que a média no segundo semestre de 2009, quando começou uma sutil desaceleração de crédito. Para cumprir as metas, alguns bancos teriam sido ordenados a não mais conceder empréstimos até o fim de janeiro, segundo um jornal local.
Na semana passada, o Banco Popular da China, o BC do país, ordenou aos bancos estatais aumentar o número de depósitos como reserva compulsória -16%, o que reduz a quantidade de capital disponível para novos empréstimos.

Retomada e inflação
Um pacote de estímulo orçado em US$ 580 bilhões e a expansão recorde do crédito dos bancos estatais foram responsáveis por alavancar o país.
Apesar da crise internacional, estima-se que o PIB chinês tenha crescido cerca de 8,5% em 2009. A Academia Chinesa de Ciências Sociais, centro de estudos do governo, estima que o PIB cresça 9% em 2010.
O economista-chefe do Centro de Informação do Estado, Zhu Baoliang, afirmou ontem que o índice de preços ao consumidor aumentou "significativamente" em dezembro e que pode ter chegado a 3%.
Depois de nove meses de queda, o índice de preços ao consumidor aumentou 0,6% em novembro em relação ao mesmo mês do ano anterior.


Texto Anterior: Pão de Açúcar vai investir R$ 5 bilhões até 2012
Próximo Texto: Investimentos: Qatar quer adquirir ações do Banco do Brasil e da Petrobras
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.