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AMEAÇA AO IMPÉRIO
Inflação é a mais alta em 13 anos, déficit comercial é recorde e pedidos de seguro-desemprego crescem
Indicadores expõem fragilidade dos EUA
DA REDAÇÃO
Uma trinca de importantes indicadores, todos divulgados ontem, expôs a fragilidade da economia dos EUA, às vésperas de o
país se lançar em uma campanha
militar que promete desestabilizar ainda mais seus fundamentos.
A inflação no atacado não era
tão alta em 13 anos, os pedidos de
seguro-desemprego voltaram a
crescer (o que aponta piora no
mercado de trabalho) e o déficit
do país em suas transações com o
exterior atingiu o pior resultado,
em termos nominais, de todos os
tempos. Não fosse o bastante, o
índice dos "leading indicators"
(que sinaliza o comportamento
futuro da atividade) caiu para o
nível mais baixo desde setembro.
Ken Mayland, economista-chefe da consultoria ClearView Economics, classificou os indicadores
como "a pior fornada de notícias
econômicas" desde o período
pós-ataques terroristas de 11 de
setembro de 2001. Os números
ruins se somam a outros, divulgados recentemente, como a queda
no ritmo de expansão do PIB
(Produto Interno Bruto) e o crescente déficit público.
A bateria de estatísticas negativas pegou os investidores de surpresa, e as Bolsas fecharam no
vermelho. "Ninguém está convencido da recuperação econômica, além da montanha de incertezas sobre o Iraque", disse Tim Anderson, corretor sênior do Salomon Smith Barney.
Após a divulgação dos indicadores, o presidente George W.
Bush foi a público para defender o
seu controverso plano de redução
de impostos. Mas, para os críticos
do projeto, a queda na receita tributária só ampliará a deterioração das contas públicas.
Repique nos preços
O índice de preços ao produtor
(PPI, na sigla em inglês), que mede a inflação no atacado, foi de
1,6% no mês passado (a maior
desde janeiro de 1990). No mês
anterior, havia ocorrido uma queda de 0,1%. A taxa de janeiro ficou
bem acima das expectativas, que
giravam em torno de 0,5%.
A disparada nas cotações do petróleo e o aumento dos veículos
puxaram o reaquecimento inflacionário (só a gasolina subiu
13,7% no mês). Os carros aumentaram 3,5%, maior reajuste desde
1986. O repasse ocorreu devido ao
fim das promoções que vinham
sendo feitas pelas montadoras.
Mas houve reajustes em praticamente todas as categorias. O chamado núcleo da inflação (que exclui as voláteis categorias de energia e alimentos) ficou em 0,9%, a
maior taxa desde 1998 e a segunda
mais elevada em 16 anos. Para os
analistas, o índice seria de 0,1%.
Fed na defensiva
O repique inflacionário trouxe o
receio de que o Federal Reserve
(banco central dos EUA) possa
elevar os juros, hoje em 1,25% ao
ano, o menor nível em quatro décadas. Taxas mais elevadas tenderiam a desestimular investimentos e consumo. Juros mais altos
nos EUA também podem significar menos recursos externos para
países como o Brasil.
Mas o Fed não deverá ter pressa.
Anteontem, Robert McTeer, presidente do Federal Reserve regional de Dallas e membro do conselho de política monetária do BC
norte-americano, afirmou, durante um seminário, que as taxas
não deverão ser elevadas até que a
economia se estabilize.
A inflação parece não preocupar o Fed no momento. Para
McTeer, ainda há muita capacidade ociosa nas empresas. Já Alan
Greenspan, o presidente do Fed,
declarou na semana passada que
as "melhores estatísticas de que
dispomos ainda mostram inflação muito baixa sem evidências
de aceleração".
Com agências internacionais
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