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São Paulo, sexta-feira, 21 de fevereiro de 2003

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AMEAÇA AO IMPÉRIO

Inflação é a mais alta em 13 anos, déficit comercial é recorde e pedidos de seguro-desemprego crescem

Indicadores expõem fragilidade dos EUA

DA REDAÇÃO

Uma trinca de importantes indicadores, todos divulgados ontem, expôs a fragilidade da economia dos EUA, às vésperas de o país se lançar em uma campanha militar que promete desestabilizar ainda mais seus fundamentos.
A inflação no atacado não era tão alta em 13 anos, os pedidos de seguro-desemprego voltaram a crescer (o que aponta piora no mercado de trabalho) e o déficit do país em suas transações com o exterior atingiu o pior resultado, em termos nominais, de todos os tempos. Não fosse o bastante, o índice dos "leading indicators" (que sinaliza o comportamento futuro da atividade) caiu para o nível mais baixo desde setembro.
Ken Mayland, economista-chefe da consultoria ClearView Economics, classificou os indicadores como "a pior fornada de notícias econômicas" desde o período pós-ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. Os números ruins se somam a outros, divulgados recentemente, como a queda no ritmo de expansão do PIB (Produto Interno Bruto) e o crescente déficit público.
A bateria de estatísticas negativas pegou os investidores de surpresa, e as Bolsas fecharam no vermelho. "Ninguém está convencido da recuperação econômica, além da montanha de incertezas sobre o Iraque", disse Tim Anderson, corretor sênior do Salomon Smith Barney.
Após a divulgação dos indicadores, o presidente George W. Bush foi a público para defender o seu controverso plano de redução de impostos. Mas, para os críticos do projeto, a queda na receita tributária só ampliará a deterioração das contas públicas.

Repique nos preços
O índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês), que mede a inflação no atacado, foi de 1,6% no mês passado (a maior desde janeiro de 1990). No mês anterior, havia ocorrido uma queda de 0,1%. A taxa de janeiro ficou bem acima das expectativas, que giravam em torno de 0,5%.
A disparada nas cotações do petróleo e o aumento dos veículos puxaram o reaquecimento inflacionário (só a gasolina subiu 13,7% no mês). Os carros aumentaram 3,5%, maior reajuste desde 1986. O repasse ocorreu devido ao fim das promoções que vinham sendo feitas pelas montadoras.
Mas houve reajustes em praticamente todas as categorias. O chamado núcleo da inflação (que exclui as voláteis categorias de energia e alimentos) ficou em 0,9%, a maior taxa desde 1998 e a segunda mais elevada em 16 anos. Para os analistas, o índice seria de 0,1%.

Fed na defensiva
O repique inflacionário trouxe o receio de que o Federal Reserve (banco central dos EUA) possa elevar os juros, hoje em 1,25% ao ano, o menor nível em quatro décadas. Taxas mais elevadas tenderiam a desestimular investimentos e consumo. Juros mais altos nos EUA também podem significar menos recursos externos para países como o Brasil.
Mas o Fed não deverá ter pressa. Anteontem, Robert McTeer, presidente do Federal Reserve regional de Dallas e membro do conselho de política monetária do BC norte-americano, afirmou, durante um seminário, que as taxas não deverão ser elevadas até que a economia se estabilize.
A inflação parece não preocupar o Fed no momento. Para McTeer, ainda há muita capacidade ociosa nas empresas. Já Alan Greenspan, o presidente do Fed, declarou na semana passada que as "melhores estatísticas de que dispomos ainda mostram inflação muito baixa sem evidências de aceleração".


Com agências internacionais


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