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Metalúrgicos de Manaus poderão ter mais folgas no Carnaval para que empresas adaptem montagem às vendas
Juros altos já devem reduzir a produção
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Os efeitos do aumento dos juros
devem começar a ser percebidos
nas linhas de produção. A forte
retração nas vendas de eletrônicos já havia forçado as companhias a aumentar os dias de folga
dos funcionários no Carnaval
deste ano. Mas há a possibilidade
de que esse período se estenda
ainda mais.
O Sindicato dos Metalúrgicos
de Manaus, onde ficam as principais fábricas do setor, irá conversar com a direção das companhias para estender a folga, caso
necessário. No Carnaval de 2002,
foram sete dias, em média, de descanso.
Neste ano, o período já é maior
e, dependendo das conversas com
o sindicato, poderá ser ampliado.
A CCE dará 16 dias de folgas, e a
Sony, 10 dias (incluindo finais de
semana). "Vamos conversar na
semana que vem e ver como isso
[o período de folgas" fica", afirmou Agostinho Corrêa, presidente do sindicato.
Para a Eletros, entidade que representa os fabricantes de eletrônicos, com os juros altos e o dólar
caro, há duas saídas para as empresas: repassar ao mercado apenas parte do aumento de custos
-e com isso torcer para a melhora nas vendas- ou produzir menos.
A situação se agravou após a
elevação dos juros e o aumento da
taxa de depósito compulsório, na
quarta-feira. O recolhimento
compulsório é o dinheiro que os
bancos são obrigados a depositar
no Banco Central. Se o volume
aumenta, os bancos ficam com
menos capital para empréstimo, e
o dinheiro passa a custar mais.
Razão da crise
Esse setor é altamente dependente de crédito, pois boa parte
das vendas são parceladas. Aí está
o problema: a elevação dos juros
encarece ainda mais o produto
nas vendas a prazo.
Por outro lado, os equipamentos eletrônicos, como o DVD, são
compostos por uma grande parte
de itens importados. Com o dólar
a mais de R$ 3,60, os custos disparam. Principalmente porque o
componente que chega da Ásia
precisa ser pago pela empresa
com base no dólar do dia.
Com juros elevados e custos
crescendo, os reflexos aparecem
na linha de produção. Por isso, as
fábricas em Manaus concedem
folgas por vários dias. "Neste ano,
esperamos 2,5% de expansão nas
vendas do setor, mas vamos colocar as barbas de molho", diz Paulo Saab, presidente da Eletros.
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