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LEITE DERRAMADO
Ex-diretor financeiro da matriz, Fausto Tonna afirma em depoimento que inspetores eram subornados no país
Parmalat pagou a fiscais no Brasil, diz jornal
DA REDAÇÃO
As atividades ilícitas da Parmalat incluíam o pagamento de suborno a "inspetores fiscais" do
Brasil. A revelação foi feita pelo
ex-diretor financeiro da Parmalat
Fausto Tonna em depoimento a
investigadores na Itália no dia 14
de janeiro, segundo publicou na
edição de ontem o jornal italiano
"Corriere della Sera".
De acordo com o jornal, Tonna
afirmou aos promotores que um
executivo do grupo na América
do Sul lhe falou de contribuições a
partidos políticos. E acrescentou:
"[Os executivos] me diziam com
freqüência que era distribuído dinheiro para corromper os inspetores fiscais brasileiros".
Segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a Parmalat
Brasil gastou R$ 245 mil em doações para as eleições de 2002.
O ex-diretor financeiro do grupo alimentício italiano, preso desde o fim do ano passado, acusou
ainda dois executivos, Domenico
Barile, na Itália, e Gianni Grisendi,
na América do Sul, de serem os
principais responsáveis pelas perdas industriais que, já em 1999,
haviam gerado um rombo de ao
menos US$ 3 bilhões.
"Eu avisava Tanzi [Calisto Tanzi, fundador e ex-presidente da
Parmalat] que eles haviam quebrado os negócios", disse Tonna.
"As viagens para a América do Sul
com Tanzi e Stefano [filho de Calisto, que ocupava um cargo de alto escalão no grupo] eram inúteis,
serviam só para terem certeza da
gestão negativa. E o remédio era
falsificar os balanços."
A Folha tentou ouvir Grisendi
ontem, mas ele não foi localizado
até o fechamento desta edição.
Segundo Tonna, as operações
da Parmalat na América do Sul e
na China foram supervalorizadas.
Ele disse suspeitar que os executivos que trabalhavam nas regiões
mantivessem contas paralelas.
Tonna comandou as finanças
da Parmalat por mais de uma década e saiu em março passado.
Ainda ontem, os portadores de
títulos da Parmalat entraram com
ação contra o governo italiano,
um dia após o ministro da Indústria, Antonio Marzano, defender
um comitê de credores composto
por nove integrantes, sendo oito
representantes dos bancos. Alegam que a medida viola as regras
da União Européia ao diminuir os
poderes das cortes de falência e
transferi-los ao ministro.
Com o "Financial Times"
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