São Paulo, sábado, 21 de fevereiro de 2004

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LEITE DERRAMADO

Ex-diretor financeiro da matriz, Fausto Tonna afirma em depoimento que inspetores eram subornados no país

Parmalat pagou a fiscais no Brasil, diz jornal

DA REDAÇÃO

As atividades ilícitas da Parmalat incluíam o pagamento de suborno a "inspetores fiscais" do Brasil. A revelação foi feita pelo ex-diretor financeiro da Parmalat Fausto Tonna em depoimento a investigadores na Itália no dia 14 de janeiro, segundo publicou na edição de ontem o jornal italiano "Corriere della Sera".
De acordo com o jornal, Tonna afirmou aos promotores que um executivo do grupo na América do Sul lhe falou de contribuições a partidos políticos. E acrescentou: "[Os executivos] me diziam com freqüência que era distribuído dinheiro para corromper os inspetores fiscais brasileiros".
Segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a Parmalat Brasil gastou R$ 245 mil em doações para as eleições de 2002.
O ex-diretor financeiro do grupo alimentício italiano, preso desde o fim do ano passado, acusou ainda dois executivos, Domenico Barile, na Itália, e Gianni Grisendi, na América do Sul, de serem os principais responsáveis pelas perdas industriais que, já em 1999, haviam gerado um rombo de ao menos US$ 3 bilhões.
"Eu avisava Tanzi [Calisto Tanzi, fundador e ex-presidente da Parmalat] que eles haviam quebrado os negócios", disse Tonna. "As viagens para a América do Sul com Tanzi e Stefano [filho de Calisto, que ocupava um cargo de alto escalão no grupo] eram inúteis, serviam só para terem certeza da gestão negativa. E o remédio era falsificar os balanços."
A Folha tentou ouvir Grisendi ontem, mas ele não foi localizado até o fechamento desta edição.
Segundo Tonna, as operações da Parmalat na América do Sul e na China foram supervalorizadas. Ele disse suspeitar que os executivos que trabalhavam nas regiões mantivessem contas paralelas.
Tonna comandou as finanças da Parmalat por mais de uma década e saiu em março passado.
Ainda ontem, os portadores de títulos da Parmalat entraram com ação contra o governo italiano, um dia após o ministro da Indústria, Antonio Marzano, defender um comitê de credores composto por nove integrantes, sendo oito representantes dos bancos. Alegam que a medida viola as regras da União Européia ao diminuir os poderes das cortes de falência e transferi-los ao ministro.


Com o "Financial Times"

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