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Com baixo risco, setor elétrico atrai empresas
Apoiados pelo governo, grandes grupos privados planejam investimentos para ampliar atuação no segmento de energia
Estado entra como facilitador dos negócios e às vezes sócio relevante; além disso, regras do setor protegem empresas de perdas financeiras
SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO
O baixo risco de racionamento e de perdas financeiras, aliado ao amadurecimento da regulação, tornou o setor elétrico
um dos principais alvos de investimentos de grandes grupos
brasileiros que anos atrás não
tinham negócio na área.
Os argumentos econômicos
se somam às vantagens, para
esses grupos, de ter o Estado
como facilitador do negócio,
quando não sócio relevante
-relegando-os, em muitos casos, a coadjuvantes.
Há quatro anos, o setor não
fazia parte das receitas de Odebrecht, Andrade Gutierrez e
Vale. Só o grupo Camargo Corrêa é que havia comprado, com
o Bradesco, a Votorantim e fundos de pensão, o controle da
CPFL, em 1997.
Hoje, aumentar a participação do setor elétrico é uma
perspectiva desses grupos. Nos
últimos dois anos, liberaram
R$ 10 bilhões para compra de
distribuidoras e construção de
usinas. E estariam dispostos a
comprometer-se com outros
R$ 20 bilhões, no curto prazo.
São recursos aplicados em
projetos com rentabilidade entre 10% e 15% ao ano, segundo
especialistas. Não é das mais altas da economia, mas, em termos de concessões públicas, é
das maiores -supera as de telecomunicações e rodovias.
As empreiteiras Andrade Gutierrez e Odebrecht entraram,
em 2007, no projeto de construção e operação da usina hidrelétrica de Santo Antônio. A
Camargo Corrêa entrou em
2008 no consórcio da hidrelétrica de Jirau. As usinas ficam
no rio Madeira, em Rondônia.
Agora, mexem-se para formar
consórcios com o objetivo de
disputar o projeto da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu (Pará), em leilão que deve
ocorrer no primeiro semestre.
Camargo Corrêa e Odebrecht já
fecharam parceria.
A usina poderá ser a estreia
da Vale como grande geradora
de energia para o sistema elétrico brasileiro. A empresa já
gera energia para consumo
próprio. Atualmente, estuda se
integrar a um dos consórcios
que entrarão na disputa.
Andrade Gutierrez e Camargo Correa se movimentam, ainda, para ampliar participação
em projetos mais maduros
-distribuidoras e geradoras
antigas, com o apoio do governo, em operações que podem
atingir R$ 16 bilhões.
Inúmeras razões financeiras
balizam os grupos. O novo modelo regulatório do setor, de
2004, reduziu o risco de racionamento ao equalizar expectativa de crescimento de consumo com geração. Em 2001, a
contingência derrubou as receitas das empresas em 20%.
O modelo prevê repasse de
parte dos custos ao consumidor
por meio das tarifas. Com isso,
as distribuidoras não perdem
dinheiro quando a energia que
compram para fornecer aos
consumidores fica mais cara.
Isso acontece, por exemplo,
quando o país precisa gerar
energia nas termelétricas.
Por fim, provou-se que o sistema de tarifas blinda as empresas. A receita cai, devido à
queda no consumo industrial,
mas os preços e a demanda residencial pouco mudam.
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