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Operações embutem risco de "estatização velada", diz analista
DA SUCURSAL DO RIO
As operações conjuntas entre governo e grandes grupos
privados embutem o risco de
"estatização velada", diz o analista da Ativa Ricardo Corrêa.
"Os grupos privados entram
como coadjuvantes. É o jeito
que o Estado encontrou de voltar a ser ator principal no setor,
legitimando-se na atuação dos
grupos privados. Estamos trocando a virtude do mercado pelo vício do Estado."
Nos leilões das hidrelétricas,
a presença das empresas do
grupo Eletrobrás é constante.
As subsidiárias Furnas, Eletrosul e Chesf foram líderes nos
consórcios das usinas do rio
Madeira. As estatais comporão
os consórcios de Belo Monte.
A facilidade aos grupos privados também vem do BNDES. O
banco financiou R$ 13 bilhões
para a construção de Santo Antônio e Jirau e vai ajudar o vencedor em Belo Monte.
No fim de 2009, o BNDES
deu aval para que a Andrade
Gutierrez entrasse no capital
da Cemig. O banco deverá lhe
repassar 33% do controle da estatal, que tinha retido do grupo
americano AES por uma dívida
em aberto desde 2000, no valor
de R$ 2,1 bilhões. O débito será
assumido pela Andrade Gutierrez. A operação depende da
Justiça para ser concluída.
A Andrade Gutierrez havia
sido sócia da Cemig na Light,
mas vendeu a participação de
13% à estatal porque havia se
tornado minoritária desde que
outros sócios saíram. Voltará
indiretamente, com a Cemig.
A Folha revelou, em janeiro,
que o governo deu sinal verde
para a Camargo Corrêa comprar o controle da Eletropaulo.
O controle é da Brasiliana, que
tem o BNDES com 49,9% do
controle -o resto é da AES.
O governo, segundo a reportagem, determinou que a Previ
e o Banco do Brasil negociem
com a Camargo Corrêa a venda
de participações na Neoenergia
(que reúne geradoras e distribuidoras). Somadas, têm 60%
da Neoenergia, a um valor contábil de R$ 7,2 bilhões.
"O grupo, como um grande
player no setor de energia, continuará participando ativamente do processo de expansão, modernização e consolidação desse setor estratégico da
economia", disse, por e-mail, o
presidente da Camargo Corrêa,
Vítor Hallack.
A Vale disse apenas que está
avaliando a entrada em um dos
consórcios que disputarão o
projeto de construção da hidrelétrica de Belo Monte. Andrade
Gutierrez e Odebrecht não comentaram.
(SL)
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