São Paulo, domingo, 21 de fevereiro de 2010

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Operações embutem risco de "estatização velada", diz analista

DA SUCURSAL DO RIO

As operações conjuntas entre governo e grandes grupos privados embutem o risco de "estatização velada", diz o analista da Ativa Ricardo Corrêa.
"Os grupos privados entram como coadjuvantes. É o jeito que o Estado encontrou de voltar a ser ator principal no setor, legitimando-se na atuação dos grupos privados. Estamos trocando a virtude do mercado pelo vício do Estado."
Nos leilões das hidrelétricas, a presença das empresas do grupo Eletrobrás é constante. As subsidiárias Furnas, Eletrosul e Chesf foram líderes nos consórcios das usinas do rio Madeira. As estatais comporão os consórcios de Belo Monte.
A facilidade aos grupos privados também vem do BNDES. O banco financiou R$ 13 bilhões para a construção de Santo Antônio e Jirau e vai ajudar o vencedor em Belo Monte.
No fim de 2009, o BNDES deu aval para que a Andrade Gutierrez entrasse no capital da Cemig. O banco deverá lhe repassar 33% do controle da estatal, que tinha retido do grupo americano AES por uma dívida em aberto desde 2000, no valor de R$ 2,1 bilhões. O débito será assumido pela Andrade Gutierrez. A operação depende da Justiça para ser concluída.
A Andrade Gutierrez havia sido sócia da Cemig na Light, mas vendeu a participação de 13% à estatal porque havia se tornado minoritária desde que outros sócios saíram. Voltará indiretamente, com a Cemig.
A Folha revelou, em janeiro, que o governo deu sinal verde para a Camargo Corrêa comprar o controle da Eletropaulo. O controle é da Brasiliana, que tem o BNDES com 49,9% do controle -o resto é da AES.
O governo, segundo a reportagem, determinou que a Previ e o Banco do Brasil negociem com a Camargo Corrêa a venda de participações na Neoenergia (que reúne geradoras e distribuidoras). Somadas, têm 60% da Neoenergia, a um valor contábil de R$ 7,2 bilhões.
"O grupo, como um grande player no setor de energia, continuará participando ativamente do processo de expansão, modernização e consolidação desse setor estratégico da economia", disse, por e-mail, o presidente da Camargo Corrêa, Vítor Hallack.
A Vale disse apenas que está avaliando a entrada em um dos consórcios que disputarão o projeto de construção da hidrelétrica de Belo Monte. Andrade Gutierrez e Odebrecht não comentaram. (SL)


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