São Paulo, sábado, 21 de fevereiro de 1998

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TRABALHO
Taxa de janeiro, de 16,6% , se mantém estável pelo 3º mês seguido; 1,4 milhão está sem emprego em São Paulo
Desemprego tira R$ 500 mi da economia

ARTHUR PEREIRA FILHO
da Reportagem Local

O poder de compra da população ocupada na Grande São Paulo em dezembro do ano passado caiu quase RÏ 500 milhões em relação ao mesmo período de 96.
Em dezembro de 97, a massa total de rendimentos dos trabalhadores ocupados foi de RÏ 6 bilhões. Em dezembro de 96, era de RÏ 6,5 bilhões.
Essa queda, conta Sérgio Mendonça, diretor-técnico do Dieese, foi provocada pela eliminação de postos de trabalho e pela diminuição dos ganhos médios dos trabalhadores nos últimos 12 meses.
O total de empregados -7,30 milhões em dezembro de 96- caiu para 7,18 milhões em 97. O rendimento médio mensal também baixou: passou de RÏ 894 para RÏ 841. Resultado: o poder de compra despencou e o Natal de 97 foi mais pobre do que o do ano anterior.
Os números são da Pesquisa de Emprego e Desemprego na Região Metropolitana de São Paulo, feita pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) e pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
Essa redução de dinheiro em circulação na economia de São Paulo não se verificou, no entanto, entre dezembro de 95 e dezembro de 96, período em que o poder de compra da população ocupada se manteve estável, em cerca de RÏ 6,5 bilhões.
Em dezembro de 95, o número de pessoas ocupadas -7,19 milhões- era inferior ao de dezembro de 96. Mas, em compensação, o rendimento médio era maior (RÏ 908).
Uma queda da massa de rendimentos semelhante à de 97 foi registrada também em dezembro de 95 em relação a 94, quando a renda total chegou a RÏ 7 bilhões e o ganho médio mensal foi de RÏ 994.
Desemprego recorde
No ano passado, a taxa média de desemprego na Grande São Paulo chegou a 16% da PEA (População Economicamente Ativa), um crescimento de 6% em relação ao ano anterior, de 15,1%.
É a taxa anual mais elevada desde o início da pesquisa Seade/Dieese, em 1985. Significa que 1,37 milhão de pessoas estavam desempregadas na região em 97.
A força de trabalho cresceu 1,6% (mais 133 mil pessoas), mas a economia conseguir criar apenas 35 mil novos postos de trabalho, o que colocou mais 98 mil pessoas no grupo de desempregados.
Pedro Paulo Martoni Branco, diretor-executivo do Seade, não prevê mudanças neste cenário para o primeiro semestre deste ano. "As taxas de desemprego devem se manter neste mesmo patamar, de 16%"", afirma.
O baixo crescimento econômico é responsável pela alta do desemprego, diz Martoni. As previsões mais otimistas indicam crescimento da atividade econômica este ano de no máximo 2%.
Pior janeiro
A taxa de desemprego registrada no mês passado confirma a análise de Martoni. Pelo terceiro mês seguido o índice de desemprego se mantêm em 16,6% da população economicamente ativa da Grande São Paulo. É a maior taxa já verificada em janeiro.
No mês passado foram eliminados mais 83 mil postos de trabalho e o número de desempregados chegou a 1.414 mil pessoas, 241 mil a mais que em janeiro de 97.
A indústria foi o setor que mais cortou empregos: fechou 45 mil postos de trabalho no período. No comércio, 22 mil vagas foram fechadas. O setor de serviços cortou outras 7.000. Na construção civil e em serviços domésticos ocorreu o fechamento de 9.000 vagas em janeiro.
Segundo Mendonça, uma das consequências do baixo nível de crescimento econômico é o esgotamento da capacidade do setor de serviços de criar empregos em volume suficiente para compensar as dispensas no setor industrial.
Em relação a janeiro de 97, o setor de serviços gerou 121 mil novos empregos em 12 meses, cerca de metade dos postos eliminados pela indústria e pelo comércio.



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